quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Final de 2013


2013 acabou e 2014 já chegou, e aqui no Cinematógrapho isso significa fazer uma retrospectiva dos melhores filmes do ano, dos piores, dos mais surpreendentes e dos mais decepcionantes; isso sem contar a escolha do filme de 2013 que você não pode deixar de assistir. Lembrando que o critério de escolha dos filmes é bem simples: ele só tem que ter estreado nos cinemas, no mercado de home video ou na TV brasileira durante o ano que passou.

Mas antes dos escolhidos, devo avisar que alguns desses títulos não tem crítica publicada aqui no Cinematógrapho por motivos diversos. Digamos que 2013 foi um ano bastante movimentado pra mim e que nem sempre eu encontrei tempo (ou mesmo paciência) para escrever. Além disso, reforço que não sou nenhum crítico profissional, ou seja, não ganho nem sou obrigado a escrever nenhum texto, portanto é possível que o blog às vezes fique meio parado.

Mas chega de delongas! O que importa é que nem por isso eu deixei de ir ao cinema, e por isso mesmo não poderia deixar de publicar esse post, que sem dúvida é o mais esperado do ano (pelo mesmo por mim). Vamos, então, às listas:

OS 10 MELHORES FILMES DE 2013:

10 - A Viagem, dir. Andy Wachowski, Lana Wachowski e Tom Tykwer

Um dos filmes mais controversos de 2013, "A Viagem" estreou logo no iniciozinho do ano, bem nas férias de verão, e causou discussões acaloradas entre críticos e espectadores. Como já deu pra perceber, eu estou entre aqueles que adoraram o filme. Sim, eu admito que ele tem as suas falhas (a maquiagem funciona em alguns casos e em outros é um desastre, as questões filosóficas nem sempre vão além do superficial etc.), porém isso não consegue apagar o fato de ser um filme extremamente ambicioso, contando seis histórias simultaneamente, utilizando os mesmos atores para diversos papéis e sendo dirigido por três diretores em dois sets independentes. Além disso, o filme é bastante envolvente e dinâmico, fazendo com que as suas quase três horas de duração passem correndo. Pode anotar: em dez anos, "A Viagem" vai ser redescoberto e se tornar cult, seja para o bem ou para o mal.

9 - Dezesseis Luas, dir. Richard LaGravenese

Já posso ver os pseudo-intelectuais pegando o computador e jogando-o pela janela, mas eu admito: eu adorei "Dezesseis Luas"! Vendido como uma espécie de substituto da Saga Crepúsculo, o filme foi um fracasso comercial (eu mesmo só fui vê-lo via Netflix) e não agradou muita gente, porém não tive maior surpresa ano passado do que com este filme. Baseado numa série de livros para jovens-adultos, o longa acompanha Ethan, um jovem do sul dos EUA que vê a sua vida virar de cabeça para baixo quando conhece Lena, uma bruxa prestes a completar 16 anos e que deve decidir entre o Bem e o Mal, dando origem a uma disputa familiar que põe em risco toda a cidade onde a história se passa. O longa possui um elenco de apoio incrível formado por Jeremy Irons, Emma Thompson e Viola Davis e com interpretações de alto nível, especialmente de Alden Ehrenreich e Emmy Rossum. Além disso, o roteiro do autor/diretor Richard LaGravenese merece elogios por não aderir à onda de tratar filmes como mero início de franquia, portanto, apesar de indicar uma futura saga (que não vai acontecer devido ao fracasso do filme), o roteiro é redondinho, sem deixar final em aberto. Em suma, "Dezesseis Luas" é muito mais do que um aspirante a "Crepúsculo".

8 - O Lugar Onde Tudo Termina, dir. Derek Cianfrance

Se você fizer uma rápida pesquisa no blog, você verá que há outros filmes com notas melhores do que a de "O Lugar Onde Tudo Termina". Daí você se pergunta: "ué, por que, então ele está entre os 10 melhores filmes?" E eu respondo: simplesmente o longa de Derek Cianfrance se alojou dentro de mim durante o ano inteiro. Uma história contada em três partes, falando sobre pais e filhos e sobre o que somos capazes de fazer para dar o melhor à nossa família, "O Lugar Onde Tudo Termina" passou 2013 indo e voltando da minha mente. Do nada eu me pegava lembrando de alguma passagem, de alguma cena do longa, especialmente de seu ótimo primeiro ato. Mais importante do que uma direção segura, do que um roteiro bem escrito e bem amarrado ou do que um conjunto de interpretações exemplares, um filme precisa se conectar com o espectador a um nível emocional; e "O Lugar Onde Tudo Termina" conseguiu fazer isso comigo.

7 - Os Suspeitos, dir. Denis Villeneuve

Falando em família, um outro filme que conseguiu falar sobre o assunto de uma forma identificável, mas ao mesmo tempo assustadora foi Denis Villeneuve com "Os Suspeitos". Um suspense extremamente bem dirigido, escrito com maestria por Aaron Guzikowski e com uma fotografia impecável do mestre Roger Deakins, o longa consegue, a partir do sequestro de duas meninas, iniciar uma discussão sobre justiça, religiosidade e, principalmente, paternidade nos dias atuais, indo muito além do simples "quem foi que fez o crime?" "Os Suspeitos" é um daqueles filmes em que você não sabe se torce para o bonzinho ou para o vilão, até mesmo porque essa definição é bem relativa, e que faz você se questionar sobre a sua  própria moral.

6 - Jackass Apresenta: Vovô sem Vergonha, dir. Jeff Tremaine


Em sua primeira incursão pela ficção, o grupo Jackass decidiu criar um filme em torno de Irving Zisman, um senhor de mais de 80 anos que nem por isso deixa de ser desbocado, brigão, machista, entre outros adjetivos não muito agradáveis. Sem sair completamente de sua zona de conforto, o longa é protagonizado pelo protagonista do grupo, Johnny Knoxville (vestido de velho, óbvio) e consiste basicamente de um amontoado de pegadinhas que são ligadas umas às outras por uma linha narrativa simples: Irving tem que atravessar os EUA para deixar o seu neto com o pai. Entretanto, o filme, apesar de apelar para as escatologias tradicionais do grupo, é genuinamente hilário (a cena do bar de strip-tease está entre as melhores do ano) e conta, surpreendentemente, com momentos afetivos e sentimentais (algo inédito para o grupo). Quem diria que os caras do Jackass poderiam emocionar em meio a um bando de piadas de sexo e cocô?

5 - Gravidade, dir. Alfonso Cuarón


Um dos maiores ícones da cultura pop em 2013, "Gravidade" é um sci-fi dos melhores! A história é simples (o roteiro é o seu fraco, mesmo que não seja ruim), mas dá a oportunidade a Sandra Bullock de incrementar o seu currículo com uma das melhores interpretações de sua carreira ao viver a cientista Ryan Stone, que vê a sua missão de sobrevivência no espaço se tornar um renascimento de sua própria vida. Além disso, George Clooney esbanja simpatia em um papel pequeno, mas essencial para a narrativa, e Emmanuel Lubezki tem aqui o seu melhor momento como diretor de fotografia (quem não se impressionou com aquela sequência de abertura?). Isso sem contar com os efeitos especiais inovadores e que fizeram pessoas pensarem que o filme tinha sido realmente filmado no espaço.

4 - Blue Jasmine, dir. Woody Allen


Em seu retorno aos EUA após o divertido "Tudo Pode Dar Certo" de 2009, Woody Allen realizou o ótimo "Blue Jasmine". Protagonizado pela excelente Cate Blanchett e com atuações impecáveis de Sally Hawkins, Alec Baldwin, Andrew Dice Clay, Louis C. K., Peter Sarsgaard e Bobby Cannavale em papéis coadjuvantes, o longa acompanha a ascensão e a queda de uma socialite nova-iorquina falsa e esnobe, que tentou esconder durante anos a sua origem humilde de jovem adotada, incluindo a existência de sua irmã brega, para quem pede abrigo quando a casa cai. Com um roteiro afiado que não deixa pedra sobre pedra, Allen cria personagens interessantíssimos (ao mesmo tempo sentimos ódio e pena de Jasmine, torcemos para Ginger encontrar um homem que preste etc.) e cria uma incisiva reflexão sobre as escolhas que fazemos e como elas muitas vezes não passam de cruéis ilusões.

3 - Behind the Candelabra, dir. Steven Soderbergh


2013 foi um ano de altos e baixos para Steven Soderbergh. Se, por um lado, "Terapia de Risco" não passou de uma experiência frustrada, "Behind the Candelabra" apresenta o diretor em sua melhor forma. Engraçado, emocionante e inusitado, o longa, protagonizado por Michael Douglas e Matt Damon em performances memoráveis, narra o caso amoroso entre o renomado pianista Liberace e o ex-treinador de animais Scott Thorson com imensa energia e diálogos afiados muito bem escritos por Richard LaGravenese. Infelizmente relegado à televisão, quando na verdade merecia uma passagem, mesmo que breve, pelas salas de cinema, "Behind the Candelabra" mostra que, apesar de ter apostado nos últimos anos em filmes pouco notáveis, Steven Soderbergh ainda tem garra para fazer ótimos trabalhos.

2 - O Lado Bom da Vida, dir. David O. Russell


Há muita gente que tem preconceito contra as comédias românticas. Eu, não! Sim, eu sei que há muitos títulos do gênero que são bem meia-boca, porém há outros que são um primor; e esse é o caso de "O Lado Bom da Vida". Podem dizer de tudo: que é previsível, que não tem nada de mais etc. Mas a questão é que o longa de David O. Russell fez eu me divertir bastante no cinema, como também fez com que eu me emocionasse. Enfim, eu realmente me importei com esses dois personagens, interpretados com muito afinco por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Além disso, quem não tem uma família no mínimo parecida com aquela do protagonista: escandalosa, supersticiosa e peculiar? Mesmo que não seja tão bom quanto o filme anterior do diretor, o belo "O Vencedor", "O Lado Bom da Vida" se mostra uma história muito mais interessante do que a sua premissa sugere.

1 - Dentro da Casa, dir. François Ozon


Uma mistura de comédia, drama e suspense, "Dentro da Casa" poderia ter resultado em uma bagunça sem tamanho. Entretanto, o diretor François Ozon se mostrou um grande realizador, conseguindo equilibrar com muita competência três gêneros diferentes em um filme de menos de duas horas. Além disso, o diretor nunca perde a mão e consegue manter o seu filme elegante até mesmo quando a história começa a entrar em enredos cada vez mais polêmicos e, até mesmo, de gosto duvidoso. O elenco também colabora bastante para o ótimo produto final, especialmente a dupla de protagonistas, Fabrice Luchini e Ernst Umhauer, ambos em excelentes performances e mostrando um entrosamento exemplar. Porém, a grande estrela do longa é o seu roteiro (também de Ozon), que leva ao extremo os limites entre ficção e realidade, brincando com todas as possibilidade do gênero narrativo, levando o espectador a um estado de dúvida constante. Criativo e extremamente bem realizado, "Dentro da Casa" é mesmo o melhor filme de 2013!

MENÇÕES HONROSAS:

O Mordomo da Casa Branca e Obsessão, dir. Lee Daniels


Há quem não goste de "O Mordomo da Casa Branca", por ser uma produção simplista e melodramática (o que não deixa de ser, em parte, uma verdade), mas o que me interessou neste longa de Lee Daniels foi a sua visão ímpar da luta pelos direitos civis nos EUA. Pela primeira vez, eu vi um filme que vê os dois lados dentro da própria comunidade negra perante essas transformações sociais: ambos queriam os seus direitos, porém enquanto um pensava apenas nos resultados, o outro pensava nas consequências imediatas dessa luta, como a violência, em seu cotidiano. Isso sem contar com as ótimas performances de todo o seu (enorme) elenco.


Porém, para quem prefere o Lee Daniels que gosta de dar a cara a tapa, o bom é "Obsessão". Uma história policial passada na Flórida, o longa aproveita para fazer uma visão menos didática do que aquela em "O Mordomo..." sobre o racismo nos EUA dos anos 1960. Além disso, há também um delicioso romance envolvendo os personagens de Zac Efron, Nicole Kidman e John Cusack. Nem sempre o filme vai além do superficial, porém ele já vale pelas ótimas atuações de seu elenco, especialmente Cusack e Kidman, e pela sua sua falta de pudor em se declarar abertamente "trash", o que leva a cenas memoráveis de tão bizarras.

O Mestre, dir. Paul Thomas Anderson


Primeiro filme de Anderson depois do excelente "Sangue Negro", "O Mestre" mostra mais uma vez o seu talento como realizador, criando imagens belíssimas e impactantes. Além disso, o seu roteiro possui personagens interessantíssimos, como Freddie Quell, um veterano da II Guerra que procura na fé o conforto que tanto sentiu falta no campo de batalha, e Lancaster Dodd, um homem aparentemente sereno, mas que se mostra impulsivo e irritadiço, líder de uma seita de caráter duvidoso. Com performances excepcionais de Joaquin Phoenix, Amy Adams e do infelizmente finado Phillip Seymour Hoffman, e com uma trilha sonora criativa de Jonny Greenwood, "O Mestre" é um filme curioso e poderoso.

O Abismo Prateado, dir. Karim Aïnouz


Capitaneado por um verdadeiro "tour-de-force" de Alessandra Negrini, "O Abismo Prateado" de Karim Aïnouz consegue transformar uma história que poderia ter sido bem banal - uma mulher passa uma noite vagando pelas ruas do Rio de Janeiro após ser abandonada pelo marido - em um delicado e revigorante estudo de personagem. Vale ressaltar também as performances precisas e simpáticas de Thiago Martins e da jovem Gabi Pereira, essenciais para a grande reviravolta do longa, e em consequência, da vida da própria protagonista.

Truque de Mestre, dir. Louis Leterrier


O roteiro de "Truque de Mestre" é uma bela bagunça, sendo por vezes até incoerente, entretanto, surpreendentemente, ele foi um dos melhores filmes-pipoca de 2013. Esse mérito deve-se a dois fatores: à direção e ao elenco. O francês Louis Leterrier consegue distrair o espectador, assim como os ilusionistas do filme, da maior parte das falhas do roteiro através de um ritmo frenético e de cenas de ação bem construídas. Já o elenco recheado de estrelas tem carisma de sobra, colaborando ainda mais para a boa diversão.

Sem Dor, Sem Ganho, dir. Michael Bay



Michael Bay adora mulheres gostosas de biquini. Michael Bay adora ação desenfreada. Michael Bay adora o Sonho Americano. Agora, imagine um filme em que Michael Bay homenageia e, ao mesmo tempo, satiriza todos esses elementos do jeito mais Michael Bay possível, contando com um roteiro afiado e interpretações excelentes de Mark Wahlberg e Dwayne Johnson. Imaginou? Isso é "Sem Dor, Sem Ganho", ou melhor, o filme mais filosófico de Michael Bay à moda de Michael Bay.

Universidade Monstros, dir. Dan Scanlon


"Monstros S.A." é um dos meus filmes favoritos da Pixar e possui dois dos melhores personagens já criados pelo estúdio: Sully e Mike, ambos memoráveis. Mais de dez anos depois do filme original, temos uma continuação: "Universidade Monstros". Contando as aventuras dos dois amigos (inicialmente rivais) nos tempos de faculdade, o longa não chega ao mesmo nível do filme de 2001, porém não deixa de ser um filme bastante divertido e recheado de personagens simpáticos. Isso sem contar com a excelente trilha sonora de Randy Newman, que me fez gostar ainda mais do longa.

Killer Joe - Matador de Aluguel, dir. William Friedkin


Tracy Letts (autor do recente "Álbum de Família") é um escritor sem papas na língua, e ele faz questão de deixar isso bem claro. "Killer Joe - Matador de Aluguel" que o diga! Dirigido por William Friedkin, o filme conta com atuações estupendas de Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Thomas Haden Church, Gina Gershon e Juno Temple, além de ser um dos filmes mais perturbadores dos últimos tempos. Acompanhando o caminho de uma família em direção ao fundo do poço, o texto notadamente misantropo de Letts e a direção aterrorizante de Friedkin juntos dão origem a um filme sombrio ao extremo e que vai fazer até uma próxima ida ao KFC parecer, no mínimo, curiosa (no mal sentido, é claro).

Rush - No Limite da Emoção, dir. Ron Howard


Eu simplesmente odeio Fórmula 1! Acho muito sem graça aquele bando de carros dando voltas e mais voltas por horas a fio. Por isso mesmo, Ron Howard merece muitos elogios, pois seu último filme, "Rush - No Limite da Emoção", consegue tornar o esporte muito mais interessante do que ele é na realidade. Focando na rivalidade entre os pilotos dos anos 1970 Niki Lauda e James Hunt, o longa conta com duas ótimas interpretações de Chris Hemsworth (mostrando que pode ser mais do que o Thor) e Daniel Brühl, irreconhecível sob as camadas de maquiagem. Além disso, grande parte do sucesso do filme se deve ao roteiro de Peter Morgan, ao belo trabalho de fotografia de Anthony Dod Mantle e à edição de Daniel P. Hanley e Mike Hill. Esse é um dos casos em que o fracasso de bilheteria não é nada merecido.

PIORES DE 2013:

5 - Terapia de Risco, dir. Steven Soderbergh


"Terapia de Risco" prometia ser um filme, pelo menos, envolvente. Afinal, a parceria anterior do diretor Steven Soderbergh e do roteirista Scott Z. Burns tinha sido o interessante "Contágio". Infelizmente, a empolgação dura pouco. A estética adotada por Soderbergh ao longa chama a atenção e o elenco faz o melhor que pode com o que lhe é oferecido, porém, no meio do caminho, a história toma um rumo inesperado. Pra pior. O que apontava para um filme de tribunal sobre as consequências do uso inadequado de medicamentos por médicos e pacientes se torna um filme de mistério com um dos finais mais ridículos de todo o ano. Juro, eu tive que me conter para não começar a rir em plena sala de cinema.

4 - Spring Breakers - Garotas Perigosas, dir. Harmony Korine


Contratar ex-atrizes da Disney para participar de um filme sobre quatro garotas que num feriado de Spring Break sentem na pele as consequências de almejar viver em um mundo que exalta a ostentação, o consumo de drogas e o hedonismo desenfreado. Que ideia genial! Pena que tenha resultado em um filme chatíssimo! "Spring Breakers - Garotas Perigosas" até tem as suas qualidades: a fotografia vibrante, o elenco afinado, a trilha sonora e o bordão "look at my shit", imortalizado por um James Franco que usa grill e cabelo trançado. De resto? Bom, valeu a intenção, mas depois da milésima vez em que os personagens falam "spring break, bitches!" e em que vemos cenas de festas em câmera lenta, dá pra perceber que Korine não tem muitos argumentos.

3 - Faroeste Caboclo, dir. René Sampaio


A ideia de transformar uma das canções mais conhecidas do grupo Legião Urbana em filme é bem interessante, afinal estamos falando de "Faroeste Caboclo", uma música com começo, meio e fim. Mais cinematográfica impossível! Porém, "Faroeste Caboclo", o filme, deixa muito a desejar. Em nenhum momento a história empolga, os personagens são desinteressantes e o clímax é praticamente um anti-clímax. Os atores dão o seu melhor, mas o filme nunca sai da primeira marcha.

2 - Minha Vida Dava um Filme, dir. Shari Springer-Berman e Robert Pulcini


Kristen Wiig é realmente uma boa atriz. O problema é que até agora ela não encontrou o filme certo. Primeiro filme da atriz como protagonista depois do sucesso "Missão Madrinha de Casamento", "Minha Vida Dava um Filme" chega a ser triste de tão medíocre. O elenco, que conta também com a soberba Annette Bening, Matt Dillon e Darren Criss, é desperdiçado sem dó nem piedade numa história ridícula recheada de personagens caricaturais. A dupla Springer-Berman/Pulcini e todos os atores envolvidos são capazes de coisas muito melhores!

1 - O Homem de Aço, dir. Zack Snyder


Zack Snyder está mesmo numa má fase! Depois daquela chatice que foi "Sucker Punch - Mundo Surreal", o diretor conseguiu estragar "O Homem de Aço". Havia espaço para um filme melhor? Claro! Henry Cavill faz um bom Super-Homem, Amy Adams está simpática como sempre ao viver a Lois Lane, e Kevin Costner, Diane Lane e até Michael Shannon num papel super exagerado como o General Zod estão bem. Os efeitos especiais e a fotografia também são de encher os olhos. Porém, o roteiro de David S. Goyer é super bagunçado, misturando cenas no presente e no passado de forma confusa. Entretanto, o pior de tudo é mesmo o descontrole de Snyder nas cenas de ação. O terceiro ato de "O Homem de Aço" representa tudo que há de pior nos recentes filmes do gênero: uma pancadaria sem sentido acompanhada por uma cacofonia ensurdecedora. Quem reclama do clímax de "Os Vingadores", que destruiu parte de Nova York, é porque não viu o estrago causado pelo Super-Homem em Metrópolis E em Smallville. "Minha Vida Dava um Filme" pode até ser uma produção mais pobrezinha, mas "O Homem de Aço" tinha um mar de expectativas por um bom filme, e ao destruí-las de forma tão violenta, ele se declarou o pior filme de 2013.

SURPRESAS DE 2013:

3 - Wolverine: Imortal, dir. James Mangold


O Wolverine já começou a cansar? Sim. O corpo de Hugh Jackman como o mutante está cada vez mais assustador? Com certeza! Mas de alguma forma o último filme do herói conseguiu ser uma  boa diversão? Devo dizer que sim. Contrariando todas as expectativas, James Mangold conseguiu fazer de "Wolverine: Imortal" um filme-pipoca muito bom com cenas de ação espetaculares. Além disso, apesar dos pesares, Hugh Jackman ainda tem carisma o suficiente para envolver como o mais famoso dos X-Men. Só o terceiro ato é quase estraga tudo.

2 - Guerra Mundial Z, dir. Marc Forster


"Guerra Mundial Z" tinha tudo para dar errado: o clímax teve que ser totalmente reescrito, o que resultou em uma bateria de refilmagens (geralmente um mau sinal); o diretor era conhecido por fazer o único filme chato de Daniel Craig como James Bond, "007 - Quantum of Solace"; e o trailer prometia apenas mais do mesmo. Porém, driblando todas as adversidades, Brad Pitt e cia. conseguiu entregar um filme de ação surpreendentemente bom! Tudo bem, alguns pontos do roteiro são bastante exagerados (o que é a cena do avião?), mas, no geral, o filme consegue prender o espectador. Além disso, que elogios sejam feitos ao terceiro ato (aquele que foi reescrito)  que poderia ter se tornado um verdadeiro apocalipse, mas que acabou sendo muito mais um exercício em suspense e tensão do que em explosões e arroubos de violência.

1 - Chamada de Emergência, dir. Brad Anderson


Assim como em "Wolverine: Imortal", o clímax quase derruba todo o filme. Felizmente, "Chamada de Emergência" em seus dois primeiros atos é muito bom. A história em si não é nada de mais, porém a direção segura de Brad Anderson e as ótimas interpretações de Halle Berry e Abigail Breslin conseguem prender o espectador em uma sequência de momentos tensos, daqueles de roer todas as unhas das mãos. Surpresa é pouco para definir a minha satisfação com esse longa.

DECEPÇÕES DE 2013:

3 - Os Amantes Passageiros, dir. Pedro Almodóvar


Sem dúvida alguma, Pedro Almodóvar é o mais conhecido diretor espanhol da atualidade. Logo, cada novo filme seu cria bastante expectativa ao seu redor; e "Os Amantes Passageiros" não foi uma exceção à regra, especialmente por marcar um retorno do diretor às comédias escrachadas que lhe deram notoriedade no início de sua carreira. Porém, a comédia, envolvendo um grupo de pessoas presas em um avião impedido de pousar, devido à uma falha no trem de pouso, nunca consegue empolgar. Em suma, "Os Amantes Passageiros" não é ruim, mas ao mesmo tempo, representa uma queda de qualidade do diretor em relação aos seus trabalhos mais recentes.

2 - A Espuma dos Dias, dir. Michel Gondry


Não há como negar a criatividade abundante na mente do diretor Michel Gondry, e se pensarmos em "A Espuma dos Dias" unicamente pela sua estética, é um belo filme. Possui uma intrigante direção de arte, figurino bonito e diversos usos de truques de câmera e animação stop-motion. Além disso, o elenco, com nomes como Romain Duris, Audrey Tautou e Omar Sy, faz um ótimo trabalho. Porém, depois de mais de duas horas de filme, nem os atores nem a inventividade visual de Gondry conseguem salvar "A Espuma dos Dias" do marasmo e de sua história, que aos poucos, passa de peculiar a irritantemente pretensiosa e boba. É uma pena que esse seja o sucessor do ótimo e divertido "Nós e Eu" na filmografia do realizador francês.

1 - Elysium, dir. Neill Blomkamp


"Distrito 9" é um dos melhores filmes de ficção-científica que eu vi nos últimos anos, portanto a minha expectativa por "Elysium" era bastante alta. Entretanto, o diretor sul-africano Neill Blomkamp entregou um segundo longa muito, mas muito abaixo de sua estreia no cinema. Apesar de possuir bons efeitos-especiais e uma exuberante direção de arte, o filme em si é cheio de falhas. O roteiro, que pretende narrar um blockbuster com cérebro, é marcado por uma visão de mundo maniqueísta e simplista, que resume tudo aos estereótipos do rico malvado e do pobre bom coração. Além disso, o texto dá a impressão de se achar muito mais inteligente e complexo do que é na realidade. Mas essas falhas poderiam ter sido amenizadas se o desempenho do elenco fosse muito bom, mas não é isso que acontece. Enquanto Matt Damon, Alice Braga e Diego Luna estão bem, Wagner Moura, Jodie Foster e, principalmente, Sharlto Copley escambam sem medo para a caricatura. Enfim, a "maldição do segundo filme" atacou em cheio Neill Blomkamp. Agora é torcer para a urucubaca não voltar em seu terceiro longa.

O FILME DE 2013 QUE VOCÊ PRECISA VER:

O Grande Gatsby, dir. Baz Luhrmann


Se eu tivesse que escolher qualquer filme que eu vi em 2013 para pôr em uma cápsula do tempo que só seria aberta daqui a cinquenta anos, eu escolheria sem medo "O Grande Gatsby". Primeiro de tudo, se trata de uma adaptação de um dos livros mais famosos de todos os tempos. Em segundo, é uma adaptação sem igual de uma obra sem igual. E em terceiro, essa adaptação é uma representação em filme de todo o ano de 2013. Em sua trilha sonora, estão presentes as grandes tendências da indústria fonográfica atual. Se nos anos 1920 de Fitzgerald, o jazz era a grande vedete, na década de 1970 era a disco music e nos anos 1980 eram as bandas de visual excêntrico e som brega, em 2013 (incluindo-se aí esse início do século XXI) a música eletrônica foi onipresente ("A Little Party Never Killed Nobody"), o hip-hop chegou ao topo das paradas inúmeras vezes ("$100 Bill", "No Church in the Wild") e o indie se tornou mainstream ("Over the Love", "Young and Beautiful"). Hollywood ficou obcecada de vez por blockbusters de orçamento astronômico que precisam faturar o equivalente ao PIB de um pequeno país para dar lucro. "O Grande Gatsby" custou oficialmente US$105 milhões, mas se tirarmos os incentivos fiscais concedidos pelo governo australiano, a bagatela chega a quase US$200 milhões. As festas nababescas de Gatsby e o ritmo acelerado do filme se assemelham à vontade das pessoas, nos dias de hoje, de ostentar o que pode nas redes sociais e à correria para ganhar e gastar dinheiro em proporções praticamente iguais. Leonardo DiCaprio, protagonista do longa, logo o Gatsby de 2013, representa o padrão de beleza e sucesso que permeia a sociedade ocidental contemporânea, e por aí vai... Inconscientemente, Baz Luhrmann fez de sua releitura de um livro de quase um século atrás uma representação perfeita dos nossos tempos atuais.



Sem mais... FELIZ 2014!!!!!!