sábado, 8 de junho de 2013

O Grande Gatsby (The Great Gatsby)


Dir.: Baz Luhrmann; Escrito por Baz Luhrmann e Craig Pearce; Com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan, Joel Edgerton. 2013 - Warner (142 min. - 14 anos)


"O Grande Gatsby" é considerado, até hoje, um dos maiores clássicos da literatura norte-americana. Apesar de ter sido um fracasso à época de seu lançamento, em 1925, o livro do escritor F. Scott Fitzgerald foi redescoberto após a Segunda Guerra Mundial e, a partir daí, tornou-se extremamente conhecido e foi incluído no currículo escolar das escolas americanas. Não é para pouco. O livro, basicamente, previu a Crise de 1929, ao mostrar os excessos e as vidas extravagantes da elite norte-americana dos Loucos Anos 20; tudo isso em meio ao pós-Primeira Guerra e à (falha) Lei Seca. Venhamos e convenhamos, era impossível a bolha não estourar em algum momento.

Considerado por muitos um livro quase auto-biográfico, uma vez que Fitzgerald, assim como o real protagonista de sua obra, Nick Carraway, conviveu com essa elite chegada aos extremos da vida, "O Grande Gatsby" já foi adaptado a tudo que é mídia: teatro, balé, ópera, rádio, televisão e até video-game. Porém, a relação mais famosa (e também conturbada) do livro de Fitzgerald com outro meio de comunicação, sem dúvida, foi o cinema. A primeira adaptação foi lançada um ano após o lançamento do livro, em 1926, ainda na época do cinema mudo, porém esta versão está desaparecida atualmente. Em 1949, pouco tempo depois do livro se tornar popular, foi feita uma nova adaptação, dessa vez com clima de filme noir, chamada, curiosamente, no Brasil de "Até o Céu Tem Limites". Essa é considerada por muitos a melhor adaptação do clássico de Fitzgerald, apesar de, o filme de 1926, ser, supostamente, mais fiel ao livro. Em 1974, foi lançada a terceira e, até então, mais conhecida versão cinematográfica de "O Grande Gatsby", protagonizada por Robert Redford e Mia Farrow, dirigida por Jack Clayton e escrita por Francis Ford Coppola (substituindo o escritor Truman Capote, que havia escrito um primeiro roteiro que, supostamente, alterava diversos pontos da trama, a fim de tornar o longa mais controverso). Porém, mesmo com tantos nomes conhecidos envolvidos no projeto, o filme foi um fracasso de público e crítica, por ser considerada demasiado lento. Finalmente, em 2013, foi lançada a mais nova adaptação da obra de Fitzgerald para o cinema, estrelada por Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan e Tobey Maguire.

Dirigida pelo australiano Baz Luhrmann, que já havia adaptado outro clássico literário de língua inglesa, "Romeu e Julieta", em 1996 (um filme que, por sinal, não me agradou muito), a nova versão de "O Grande Gatsby" para o cinema é um prato cheio para quem é fã do diretor e um verdadeiro inferno para quem o odeia. Cheio de cores, visual estridente, músicas pop e com ritmo acelerado, tudo depende da boa vontade do espectador para com o filme e seu realizador. Eu, que costumo gostar dos longas de Luhrmann, nem preciso dizer que eu adorei esse "Gatsby" versão 2013.

Obviamente, quando o diretor é Baz Luhrmann, a maior qualidade do filme é a sua embalagem, ou seja, a estética. O longa possui uma belíssima fotografia, assinada por Simon Duggan ("Eu, Robô", "Presságio") e conta com direção de arte e figurinos caprichados, cortesia da sra. Luhrmann, Catherine Martin. Por sinal, que parceria! Colaboradora do diretor desde seu primeiro filme, o divertido "Vem Dançar Comigo" (foi aí que os dois se conheceram), Martin é, muitas vezes, o porto seguro de Luhrmann. Até mesmo quando a história parece empacar ou quando o filme, simplesmente, não é bom (caso de "Romeu + Julieta"), a dedicada esposa consegue deixar o filme ainda mais interessante visualmente e, assim, manter a atenção do espectador até o fim da projeção. Entretanto, tenho que admitir que o 3D não faz muita diferença, exceto nos letreiros iniciais e finais e nas tomadas panorâmicas, e que eu gostaria muitíssimo de ver um filme de Luhrmann com mais externas e menos chroma-key. Tudo bem que no caso de "Gatsby", isso seria difícil, já que o filme, mesmo se passando em Nova York, foi filmado na Austrália, por causa de generosos incentivos fiscais. Porém, até mesmo em seu filme anterior, "Austrália", no qual poderia ter usado muito mais as belas paisagens do Outback australiano, o diretor muitas vezes optou pelos cenários de CGI. Enfim, fica a dica para um próximo filme.

Outro ponto forte do filme é o seu elenco. Leonardo DiCaprio está ótimo como o milionário Jay Gatsby, personagem que lhe deu a chance de mostrar todo o seu carisma de estrela de cinema. Tobey Maguire também agrada como Nick Carraway. Há quem diga que ele aqui está atuando assim como nos filmes do Homem-Aranha, porém esse é o estilo dele e, felizmente, este se encaixa perfeitamente com o seu personagem. Carey Mulligan, na minha opinião, fez uma boa Daisy. É, realmente, uma personagem difícil e que se mostrou um desafio para vários diretores na hora da escalação do elenco, porém acho que Luhrmann fez uma boa escolha com Mulligan. Aqui, a atriz consegue dar o tom certo de tolice e indiferença que a personagem exige. Joel Edgerton tem em "Gatsby" o seu primeiro papel de destaque em um grande blockbuster hollywoodiano, e ele aproveita muito bem a chance. Apesar de Tom Buchanan só ganhar mais espaço no último ato do filme, o ator se sai muito bem neste trecho e consegue ficar à altura do Gatsby de DiCaprio em momentos decisivos da trama, especialmente a discussão no quarto do Hotel Plaza. Entretanto, fica aqui a insatisfação com o subaproveitamento de duas atrizes: Isla Fisher e Elizabeth Debicki. A primeira vive Myrtle Wilson, amante espalhafatosa de Tom. Fisher poderia ter deitado e rolado com essa personagem que tem tudo a ver com a sua carreira de comediante, mas que, ao mesmo tempo, lhe daria chances de mostrar seu potencial dramático. Porém, Myrtle aparece tão pouco no filme que nem dá chances da atriz fazer muita coisa com ela. Já Debicki interpreta Jordan Baker, golfista que, no livro, insinua um caso romântico com Nick. A modelo e atriz mostra, no primeiro ato, potencial, entretanto, com o possível romance com Nick descartado do roteiro de Luhrmann e Craig Pearce, a personagem quase não aparece no segundo ato e, praticamente, entra muda e sai calada do terceiro. Eu sei, que o filme já é grande sem uma participação maior dessas personagens, porém as duas atrizes mereciam mais tempo de tela.

O roteiro do longa, por sinal, também consegue ser bem-sucedido. Apesar de ter algumas modificações aqui e ali na história original (sendo uma que pode causar surpresa, ao final do filme, para quem já leu o livro), no geral, o filme de Luhrmann é bastante fiel ao texto de Fitizgerald. Tanto que em alguns momentos até trechos deste aparecem flutuando pela tela, enquanto Nick Carraway escreve as suas memórias.

Entretanto, nem tudo é perfeito, a começar pelo ritmo do filme. No caso de "O Grande Gatsby", o problema não é que o filme canse ou pareça longo demais (algo que não acontece, apesar de ter quase duas horas e meia de duração), na verdade, a falha é do próprio Baz Luhrmann. É uma constante em todos os seus filmes o mesmo problema no andamento do filme: o primeiro ato é corrido, frenético, cheio de cortes rápidos e recheados de acontecimentos, enquanto que nos segundo e terceiro atos, o diretor consegue se acalmar e leva o filme no embalo certo. Isso, pelo que parece, já se tornou um cacoete infeliz na maneira Luhrmann de dirigir. Eu espero, sinceramente, que um dia ele consiga se livrar disso, pois, na maioria das vezes, é isso que impede os seus filmes de serem ótimos.

Uma outra coisa que me incomodou foi a insistência do diretor em deixar claro para você as metáforas da trama de Fitzgerald. Acho que não sou só eu que já estava cansado de ver tantas vezes a luz verde do farol de East Egg ou os olhos no outdoor do doutor T.J. Eckleberg. Além disso, para deixar claro para o espectador o significado dessas imagens, Luhrmann faz questão que as personagens falem de otimismo e esperança enquanto apontam para o farol da luz verde ou de, até mesmo, pôr um indivíduo para falar "Deus vê tudo" enquanto a câmera sobrevoa o outdoor. Em resumo, não era necessário martelar a mesmo coisa o tempo todo na cabeça do espectador para que ele entendesse tudo mastigadinho. O interessante seria que ele mesmo descobrisse o significado da luz verde e dos olhos do doutor oftalmologista.

"O Grande Gatsby" está bem longe de ser a porcaria que muitos críticos vem dizendo por aí, porém possui os mesmos problemas de todos os filmes do diretor Baz Luhrmann, que mostra, que apesar de entregar bons filmes, não tem evoluído como diretor. Apesar de ter gostado muito dessa nova versão de "Gatsby", ainda pretendo fazer o mesmo que Nick Carraway: sentar na praia e observar a luz verde para ver se um dia Luhrmann faz o épico perfeito que, aparentemente, ele almeja tanto fazer.

NOTA: 3.5/5


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Somos Tão Jovens


Dir.: Antonio Carlos da Fontoura; Escrito por Marcos Bernstein; Com Thiago Mendonça, Laila Zaid, Sandra Corveloni, Bianca Comparato. 2013 - Imagem Filmes/Fox (104 min. - 14 anos)


Este é mesmo o ano de Renato Russo! Essa é a única conclusão a que se pode chegar ao perceber que em menos de um mês dois filmes relacionados ao cantor e antigo líder da banda Legião Urbana chegaram aos cinemas; e aproveitando a estreia de "Faroeste Caboclo", que eu já resenhei aqui no blog, aproveitei e fiz uma sessão dupla e fui conferir também "Somos Tão Jovens", que estreou no início de maio, mas que eu ainda não tinha ido assistir até agora, apesar de todo o sucesso que tem feito.

Tenho que admitir que, na verdade, eu não estava com muita vontade de ver esse filme. Quem tinha visto disse que era legalzinho e ponto e as críticas que li também não iam muito além disso. Mas, no final das contas, acabei indo vê-lo e tenho que admitir que eu me diverti razoavelmente.

O filme, para quem não sabe, aborda a vida de Renato Russo entre os anos de 1973 e 1982, isto é, do final do colegial até os primeiros anos após a faculdade. Por causa disso, o filme é focado, principalmente, nos anos pré-Legião Urbana, quando Renato era vocalista e guitarrista da banda Aborto Elétrico, que quando se separou deu origem à Legião e ao Capital Inicial, dois dos grupos mais expressivos do movimento do rock brasiliense, que viveu o seu auge nos anos 1980.

Uma coisa é certa: os primeiros quarenta minutos de filme são nada menos do que vergonhosos com V maiúsculo, a começar pela sequência de abertura. Se não fosse embalada por Tempo Perdido e não mostrasse fotos antigas e afins de Renato Russo, eu juraria que estava prestes a começar um novo episódio de "Sandy & Junior". Sim, caro leitor, se você pensou naquela série global que passava domingo à tarde e que era estrelada pelos dois irmãos Lima, você não pensou errado. Só faltava tocar Eu Acho Que Pirei para pensar seriamente em homenagem à dupla de Campinas!

Como se isso não fosse o bastante, o espectador ainda tem que aguentar diálogos rasos que nem um pires, que de tão ruins fazem a "Malhação" parecer filme do Tarantino. Isso sem contar com pérolas como um ator vivendo um jovem Herbert Viana da maneira mais caricatural possível e um outro interpretando o primeiro guitarrista do Aborto Elétrico, Pretus, filho do embaixador da África do Sul, fazendo um sotaque sofrível de americano falando português. Enfim, já deu para perceber o nível da desgraça.

Felizmente, antes que uma tragédia cinematográfica acontecesse e que a plateia começasse a rolar de tanto rir (posso jurar que na sessão em que eu estava não era só eu que achava graça quando não devia), o filme, quase que por milagre, começa a se tornar interessante. Isso não significa que os diálogos melhoraram (esses não tinham jeito mesmo!), porém a história fica mais envolvente, o filme deixa de parecer um especial de fim de ano da Globo e, por fim, até o elenco parece atuar melhor. Explicação para essa transformação? Magia do cinema!

Falando nos atores, Thiago Mendonça vive bem Renato Russo - se bem que eu o achei afetado demais em alguns momentos - e Laila Zaid como Ana, personagem criada especialmente para o filme, sendo uma mistura de várias mulheres na vida do cantor, é a grande surpresa do filme e consegue roubar todas as cenas em que aparece. Na verdade, ela é a única que tem uma performance exemplar do início ao fim do filme. Entretanto, tenho que admitir que fiquei surpreso, negativamente dessa vez, com a atuação de Sandra Corveloni. Ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes (!) por "Linha de Passe", filme de 2008 dirigido por Walter Salles, a atriz, em "Somos tão Jovens", tem o papel ingrato da mãe de Renato Russo. A moça não tem uma única cena que lhe dê valor (nem mesmo o momento em que o filho se "declara" gay, que é rápido e bobo), o que acaba transformando a personagem dela em uma verdadeira caricatura; e aí, o que ela pode fazer, não é?

"Somos tão Jovens" começa como um trem descarrilhado prestes a se acidentar, porém em certo momento parece encontrar um porto seguro e fica nele até o fim. A biografia de Renato Russo, ironicamente, não se arrisca nem passa uma imagem muito boa do cantor - o filme tenta fazer dele um revolucionário, mas acaba transformando-o em um homem pedante e com comportamento de diva invocada. Porém, no final, o filme acaba sendo um bom divertimento de final de semana.

NOTA: 3/5


Faroeste Caboclo


Dir.: René Sampaio; Escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino; Com Fabrício Boliveira, Ísis Valverde, Felipe Abib, Antonio Calloni. 2013 - Europa Filmes (105 min. - 16 anos)


Para ser contada, a saga de João de Santo Cristo exigiu de Renato Russo pouco mais de 160 versos e nove minutos de canção, dando origem ao sucesso Faroeste Caboclo. Já na vida real, a jornada feita pelo filme "Faroeste Caboclo" desde sua idealização até às salas de cinema daria também uma música tão extensa e complicada quanto aquela que o originou. A ideia de desenvolver uma versão cinematográfica da canção escrita pelo líder da Legião Urbana surgiu em 2005, porém o filme só começou a ser filmado seis anos depois, já que os realizadores passaram um bom tempo procurando patrocinadores para o projeto. Com as filmagens encerradas em meados de 2011, o longa ainda passou por um árduo período de pós-produção e de busca por um distribuidor. Dessa forma, levou praticamente dois anos para que "Faroeste Caboclo" chegasse aos cinemas, e o pior é que, mesmo assim, o filme tem o mesmo destino de João de Santo Cristo. NÃO É SPOILER! Ele tenta e sua e se esforça, mas acaba morrendo no final.

Apesar de ser clara a paixão que os realizadores têm pelo projeto, especialmente o diretor René Belmonte, nativo de Brasília, cidade onde a história do filme se desenrola, "Faroeste Caboclo" não consegue sustentar toda a sua ambição. Parece que alguma coisa se perdeu na transição de uma mídia para a outra e fez com que o filme não desse certo.

Surpreendentemente, a história da canção, que é o maior atrativo dela, sem dúvida alguma, fica totalmente sem força no formato de longa-metragem. As desventuras de João de Santo Cristo na capital federal, decorrência do seu envolvimento com o tráfico de drogas, liderado por Jeremias, e o romance com Maria Lúcia tinham tudo para dar origem a um filme que, no mínimo, chamasse a atenção. O que não falta é violência, consumo e tráfico de drogas e crítica social, porém a ausência de um anti-herói carismático, de uma mocinha interessante e de um vilão envolvente prejudicam o produto final, deixando-o monótono. Além disso, todo o romance central me pareceu pouco convincente, uma vez que acontece de uma hora pra outra, quase que do nada, e o grand finale, o esperado duelo entre Santo Cristo e Jeremias, é, possivelmente, um dos mais insossos confrontos do cinema recente.

O elenco, encabeçado por Fabrício Boliveira, Ísis Valverde e Felipe Abib, dá o seu melhor, mas, infelizmente, é prejudicado pelas personagens desinteressantes. 

Por outro lado, o filme, sendo ele bom ou ruim, não deixa de representar uma tentativa de trazer novos ares para o cinema nacional comercial, dominado pelas comédias escrachadas e pelos dramas biográficos. Afinal, quem esperava um dia ver um faroeste situado em pleno Cerrado brasileiro protagonizado por um migrante baiano?

Ainda entre suas qualidades estão a produção como um todo, principalmente a sua ótima fotografia, e a excelente escolha das músicas, que vão da composição que deu origem ao filme até These Boots Are Made for Walkin' de Nancy Sinatra sendo tocada em meio a uma sequência em que Santo Cristo resolve criar uma plantação de maconha em Ceilândia, cidade satélite de Brasília.

Enfim, "Faroeste Caboclo" merece nota 10 pela tentativa e pela coragem de adaptar uma das canções mais conhecidas do rock brasileiro para o cinema, porém o longa em si merece uma nota 4, já que apesar das boas intenções de fazer jus à sua matéria-prima e de constituir uma feroz crítica à desigualdade social e ao racismo, o filme deixa a desejar num dos quesitos cinematográficos básicos: o entretenimento.

NOTA: 2/5


domingo, 2 de junho de 2013

Sem Proteção (The Company You Keep)


Dir.: Robert Redford; Escrito por Lem Dobbs; Com Robert Redford, Shia LaBeouf, Julie Christie, Susan Sarandon. 2012 - Imagem Filmes (121 min. - 12 anos)


Uma coisa é certa: "Sem Proteção" já começa deixando bem claro a que veio. Em menos de dez minutos são mostrados trechos de reportagens sobre as ações terroristas de um grupo de rebeldes chamado Weather Underground, que atuou nos anos 1970, em meio a Guerra do Vietnã, e, já no presente, uma de suas integrantes, vivida por Susan Sarandon, é presa após ter se escondido por 30 anos. A julgar por esse começo, esperava-se que o mais novo filme dirigido por Robert Redford (que também o protagoniza) fosse ser bem movimentado, dinâmico; porém não é exatamente isso que acontece.

Escrito por Lem Dobbs, o longa acompanha a fuga de Nick Sloan, um dos integrantes do Weather Underground que ainda está solto, ao mesmo tempo em que um jovem jornalista de um pequeno jornal local procura descobrir toda a verdade por trás do ex-grupo terrorista. Tudo isso em meio às buscas do FBI para descobrir o paradeiro de Sloan.

Em "Sem Proteção", o problema não é a história, que é bem construída e aborda temas interessantes como os limites da ideologia, tanto no jornalismo, representado pelo jovem Ben, quanto no ativismo, presente na figura de Nick, e o quanto o passar dos anos muda as nossas atitudes e pensamentos. O filme peca mesmo é no ritmo! Uma história como essa escrita por Dobbs clamava por um longa de edição rápida (não frenética!) e uma trilha sonora pulsante e tensa, porém o que se vê é um filme de ritmo lento e certamente mais longo do que deveria ser. Ao querer trazer uma reflexão para o espectador, Redford acaba sacrificando o andamento de seu filme, que sempre parece estar em primeira marcha, especialmente em seu último ato. Além disso, a trilha sonora de Cliff Martinez, que poderia dar uma animada nas coisas, acaba não fazendo muita diferença (lembrando que ele é o mesmo compositor de "Drive", um filme longe de ser rápido, mas que ainda assim mantinha um suspense constante). Resumindo, em um filme como "Sem Proteção", falta de ritmo é um erro inadmissível!

Felizmente, pode-se dizer que este é o único problema maior do filme. Como um todo, o longa possui boas performances (cortesia de um elenco de deixar qualquer diretor com inveja) e uma produção respeitável, principalmente a fotografia do brasileiro Adriano Goldman.

Enfim, o que poderia ter sido um ótimo thriller acabou se tornando um longa mediano. Sem querer ser preconceituoso aqui, mas acho que esse é um dos casos em que um diretor mais jovem faria diferença. Apesar de mostrar ser um bom realizador, Redford, 76 anos, talvez não tenha mais o fôlego para dirigir um filme que exija ser rápido, como "Sem Proteção" exige.

NOTA: 3/5