Dir.: Antonio Carlos da Fontoura; Escrito por Marcos Bernstein; Com Thiago Mendonça, Laila Zaid, Sandra Corveloni, Bianca Comparato. 2013 - Imagem Filmes/Fox (104 min. - 14 anos)
Este é mesmo o ano de Renato Russo! Essa é a única conclusão a que se pode chegar ao perceber que em menos de um mês dois filmes relacionados ao cantor e antigo líder da banda Legião Urbana chegaram aos cinemas; e aproveitando a estreia de "Faroeste Caboclo", que eu já resenhei aqui no blog, aproveitei e fiz uma sessão dupla e fui conferir também "Somos Tão Jovens", que estreou no início de maio, mas que eu ainda não tinha ido assistir até agora, apesar de todo o sucesso que tem feito.
Tenho que admitir que, na verdade, eu não estava com muita vontade de ver esse filme. Quem tinha visto disse que era legalzinho e ponto e as críticas que li também não iam muito além disso. Mas, no final das contas, acabei indo vê-lo e tenho que admitir que eu me diverti razoavelmente.
O filme, para quem não sabe, aborda a vida de Renato Russo entre os anos de 1973 e 1982, isto é, do final do colegial até os primeiros anos após a faculdade. Por causa disso, o filme é focado, principalmente, nos anos pré-Legião Urbana, quando Renato era vocalista e guitarrista da banda Aborto Elétrico, que quando se separou deu origem à Legião e ao Capital Inicial, dois dos grupos mais expressivos do movimento do rock brasiliense, que viveu o seu auge nos anos 1980.
Uma coisa é certa: os primeiros quarenta minutos de filme são nada menos do que vergonhosos com V maiúsculo, a começar pela sequência de abertura. Se não fosse embalada por Tempo Perdido e não mostrasse fotos antigas e afins de Renato Russo, eu juraria que estava prestes a começar um novo episódio de "Sandy & Junior". Sim, caro leitor, se você pensou naquela série global que passava domingo à tarde e que era estrelada pelos dois irmãos Lima, você não pensou errado. Só faltava tocar Eu Acho Que Pirei para pensar seriamente em homenagem à dupla de Campinas!
Como se isso não fosse o bastante, o espectador ainda tem que aguentar diálogos rasos que nem um pires, que de tão ruins fazem a "Malhação" parecer filme do Tarantino. Isso sem contar com pérolas como um ator vivendo um jovem Herbert Viana da maneira mais caricatural possível e um outro interpretando o primeiro guitarrista do Aborto Elétrico, Pretus, filho do embaixador da África do Sul, fazendo um sotaque sofrível de americano falando português. Enfim, já deu para perceber o nível da desgraça.
Felizmente, antes que uma tragédia cinematográfica acontecesse e que a plateia começasse a rolar de tanto rir (posso jurar que na sessão em que eu estava não era só eu que achava graça quando não devia), o filme, quase que por milagre, começa a se tornar interessante. Isso não significa que os diálogos melhoraram (esses não tinham jeito mesmo!), porém a história fica mais envolvente, o filme deixa de parecer um especial de fim de ano da Globo e, por fim, até o elenco parece atuar melhor. Explicação para essa transformação? Magia do cinema!
Falando nos atores, Thiago Mendonça vive bem Renato Russo - se bem que eu o achei afetado demais em alguns momentos - e Laila Zaid como Ana, personagem criada especialmente para o filme, sendo uma mistura de várias mulheres na vida do cantor, é a grande surpresa do filme e consegue roubar todas as cenas em que aparece. Na verdade, ela é a única que tem uma performance exemplar do início ao fim do filme. Entretanto, tenho que admitir que fiquei surpreso, negativamente dessa vez, com a atuação de Sandra Corveloni. Ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes (!) por "Linha de Passe", filme de 2008 dirigido por Walter Salles, a atriz, em "Somos tão Jovens", tem o papel ingrato da mãe de Renato Russo. A moça não tem uma única cena que lhe dê valor (nem mesmo o momento em que o filho se "declara" gay, que é rápido e bobo), o que acaba transformando a personagem dela em uma verdadeira caricatura; e aí, o que ela pode fazer, não é?
"Somos tão Jovens" começa como um trem descarrilhado prestes a se acidentar, porém em certo momento parece encontrar um porto seguro e fica nele até o fim. A biografia de Renato Russo, ironicamente, não se arrisca nem passa uma imagem muito boa do cantor - o filme tenta fazer dele um revolucionário, mas acaba transformando-o em um homem pedante e com comportamento de diva invocada. Porém, no final, o filme acaba sendo um bom divertimento de final de semana.
NOTA: 3/5
Nenhum comentário:
Postar um comentário