sábado, 26 de janeiro de 2013

Quatro Amigas e um Casamento (Bachelorette)


Dir.: Leslye Headland; Escrito por Leslye Headland; Com Kirsten Dunst, Lizzy Caplan, Isla Fisher, Rebel Wilson. 2012 - Imagem (87 min.)


Os créditos iniciais de "Quatro Amigas e um Casamento" são embalados por "Infinity Guitars" da dupla Sleigh Bells. A música é daquelas que você tem a impressão de que o intérprete está cantando-a com o dedo em riste na sua cara. Enquanto isso, as guitarras gritam, a bateria marca o passo e a letra tem passagens como "dumb whores, best friends" (vadias estúpidas, melhores amigas). Já neste início você já tem a noção de que "Quatro Amigas e um Casamento" está longe de ser um filme sutil. Exatamente por isso, é um daqueles filmes ame-ou-odeie, e eu o adorei.

O filme inicia quando três amigas, Regan, Gena e Katie, se reencontram para o casamento da quarta integrante de seu grupo, a gordinha Becky. Podemos dizer que as três protagonistas são a definição perfeita das vadias melhores amigas do canção dos Sleigh Bells. Elas não possuem papas na língua, vivem enchendo a cara e cheirando cocaína e morrem de inveja de Becky por ela ser a primeira a se casar, mesmo que ela seja a mais feiinha do grupo.

A confusão toma conta quando na véspera do casamento, a noiva e suas três amigas se desentendem. Regan, Gena e Katie, então, depois de tomarem algumas taças de champanhe e meterem nariz adentro algumas carreirinhas de coca, resolvem se enfiar no vestido de noiva tamanho GG de Becky. Obviamente, a brincadeira dá errado e o vestido termina rasgado e manchado. Daí começa uma verdadeira jornada para consertar a burrada a tempo da cerimônia.

O roteiro de "Quatro Amigas e um Casamento" já é por si só bastante engraçado, incluindo cenas inacreditáveis como a da stripper limpando a vagina com o vestido de Becky (isso depois de ele já estar todo detonado) ou a conversa de Gena sobre o sexo oral com o seu vizinho de cadeira no avião. Mas todo roteiro é beneficiado por um bom elenco, e no caso do longa da diretora Leslye Headland (que também escreveu a peça no qual o filme é baseado) este é de primeira.

As três protagonistas: Kirsten Dunst, Lizzy Caplan e Isla Fisher parecem estar se divertindo ao máximo, além de terem uma ótima química. Por sinal, fiquei impressionado com Dunst que fez este filme pouco depois de atuar em "Melancolia" de Lars Von Trier. Isso é o que eu chamo de versatilidade! Rebel Wilson, que interpreta a gordinha Becky, também é ótima e mostrou que 2012 foi o ano de sua revelação. Mas o elenco masculino também é muito bom, trazendo nomes como James Marsden, que faz um garanhão louco para transar com Regan, e Adam Scott, vivendo o antigo namorado de Gena.

O final do filme pode decepcionar alguns por ser talvez sentimental demais, porém não é nada que prejudique as loucuras que acontecem antes. É, eu realmente gostei das vadias melhores amigas.

NOTA: 4/5


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)


Dir.: Peter Ramsey; Escrito por David Lindsay-Abaire; Com Chris Pine, Alec Baldwin, Jude Law, Isla Fisher, Hugh Jackman. 2012 - Paramount (97 min.)


A premissa de "A Origem dos Guardiões" é bastante interessante. Imagina se Papai Noel, a Fada do Dente, Jack Frost, o Coelhinho da Páscoa e o Sandman se juntassem para lutar contra o Bicho Papão. Já parece ser uma boa história, não? Adicione a isso a marca Dreamworks Animation e você já espera uma boa diversão, certo? Se você achou isso, bem pode esquecer de tudo, pois "A Origem dos Guardiões" é uma bela de uma decepção.

É inegável que a produção do filme é muito caprichada. A animação é de primeira, como já é de se esperar do estúdio, e há ótimas sacadas quanto ao visual dos cenários e dos personagens. Exemplo disso são os lares do Papai Noel, do Coelhinho da Páscoa e da Fada dos Dentes e seus respectivos traços físicos como as tatuagens, a estatura e a aparência de beija-flor. Isso sem contar os belíssimos sonhos feitos de areia do Sandman e as piruetas de Jack Frost enquanto voa.

Porém, se visualmente o filme é de bater palmas, o mesmo não pode ser dito de sua narrativa. Na verdade, "A Origem dos Guardiões" é mais um daqueles filmes em que a premissa é muito mais interessante do que a história em si. O que parece ainda pior quando se sabe que o roteirista do filme é David Lindsay-Abaire, autor teatral ganhador do Prêmio Pulitzer e com alguns roteiros cinematográficos em seu currículo.

O problema de "A Origem dos Guardiões" já é típico da Dreamworks Animation. Conhecido por seus filmes irônicos e satíricos, o estúdio de vez em quando decide fazer um longa mais fofinho e menos ácido. Não vejo nenhum problema nisso, afinal quanto maior a diversidade melhor. A questão é que, geralmente, a Dreamworks erra a mão e ao invés de fazer um filme que mescla bem o drama com a comédia (algo que a sua rival Pixar faz com maestria), ela faz um filme bobinho, meloso e moralista.

Em "A Origem dos Guardiões" isso fica claro com aquela insistência em fazer com que toda criança seja um amor de pessoa, cheia de amor pra dar. As crianças são iguais a qualquer ser humano, elas têm um lado bom e um lado ruim, então por que os filmes tendem a mostrá-las como seres lindos e maravilhosos ou como verdadeiros diabos na Terra? Não há meio-termo? 

Além disso, o final do filme é sacarina pura, cheio de sorrisos e lições de moral. Não tem como o filme terminar bem, mas sem uma sessão de didatismo? São por essas e outras que "A Origem dos Guardiões" me lembrou em vários momentos "Bee Movie", outro filme da Dreamworks que sofria com o mesmo problema. Tinha uma premissa interessante, mas que era prejudicada por uma história sem sal. E olha que este último ainda tinha as referências à cultura pop típicas do estúdio!

Se por um lado, "A Origem dos Guardiões" é um colírio para os olhos e possui uma ótima trilha sonora de Alexandre Desplat, por outro o 3D não serve para nada e a história é muito sem-graça. Mais uma oportunidade perdida...

NOTA: 2.5/5


Os Penetras


Dir.: Andrucha Waddington; Escrito por Nina Crintzs, Rafael Dragaud, Marcelo Vindicato e Andrucha Waddington; Com Marcelo Adnet, Eduardo Sterblitch, Mariana Ximenes. 2012 - Warner (


Eu, assim como muita gente, estranhei quando saiu a notícia de que o diretor Andrucha Waddington dirigiria uma comédia mais próxima da chanchada, afinal ele é mais conhecido por seus dramas como "Casa de Areia" e "Eu, Tu, Eles". Achei ainda mais esquisito quando soube que o filme ia ser protagonizado por dois comediantes de fama televisiva: Marcelo Adnet, o homem que fez com que a MTV começasse a investir pesado em programas humorísticos, e Eduardo Sterblitch, integrante do "Pânico na TV", uma atração conhecida pela sua falta de bom-gosto. Mas não é que apesar dos pesares "Os Penetras", o fruto dessa mistura inusitada, é um filme bastante divertido?

O longa conta a história do encontro entre dois indivíduos bastante diferentes, Marco Polo e Beto. Se por um lado Marco é um típico malandro carioca, daqueles cheios de contatos e com um dom para enganar turistas, por outro Beto é um ingênuo homem do interior que chega ao Rio de Janeiro à procura da mulher que o deixou, Laura.

Ao notar que Beto guarda um bela quantia de dinheiro na sua carteira, Marco Polo resolve "ajudar" o pobre coitado a encontrar Laura. Ao adentrar as portas do Hotel Fasano, Marco descobre quem é a tal moça e que ela está acompanhada de um velho bastante rico, já que ela é uma prostituta de luxo.

Mesmo assim, ele resolve continuar a ajudar Beto a se reconciliar com o seu grande amor. Tudo para poder lhe arrancar mais dinheiro. Dessa forma, eles penetram algumas festas às vésperas do Ano Novo a fim de juntar Beto e Laura novamente. Só que claro, isso não vai acontecer tão fácil assim.

Primeiro de tudo, o que já causa uma boa impressão em "Os Penetras" é a ótima utilização de seu elenco. Marcelo Adnet, apesar de ser feio para ser o garanhão da história, diverte como o malandro Marco Polo, principalmente quando está junto de seu parceiro de golpes, Nelson, interpretado por Stepan Nercessian. Eduardo Sterblitch surpreende e faz de Beto muito mais do que o homem ingênuo do interior. Ele possui cenas engraçadíssimas como uma em que ele dança com uma bailarina russa no meio de uma festa elegantíssima. Já a representante feminina do elenco, Mariana Ximenes, está ótima como Laura, a prostituta da qual Marco e Beto estão atrás.

Além disso, o filme conta com participações especiais de vários rostos conhecidos como Luiz  Gustavo, Miele, Suzana Vieira e Andréa Beltrão.

Um outro motivo pelo qual vale a pena ver "Os Penetras" é o cuidado com o qual Andrucha Waddington filma o longa. Talvez por ter ganhado fama no cinema, Waddington evita com que "Os Penetras" fique parecendo um programa de televisão, uma maldição que vem assolando vários sucessos do cinema nacional. Aqui a fotografia é muito bem realizada e há até alguns posicionamentos de câmera bastante inusitados, mas que funcionam perfeitamente.

Enfim, "Os Penetras" não é nenhum filme digno de prêmio ou com maiores pretensões do que ser mero entretenimento. Mesmo assim, o longa de Andrucha Waddington diverte (e muito) com as desventuras de Marco Polo e Beto.

NOTA: 3.5/5