sábado, 18 de agosto de 2012

Corações Sujos



Dir.: Vicente Amorim; Escrito por David França Mendes; Com Tsuyoshi Ihara, Takako Tokiwa, Celine Fukumoto, Eduardo Moscovis. 2011 - Downtown Filmes (90 min.)


A primeira que vez em que ouvi falar de "Corações Sujos" foi durante um trajeto de ônibus. Atualmente, alguns ônibus aqui no Rio de Janeiro possuem televisores que exibem uma programação bastante variada, e de vez em quando ocorre a exibição de trailers de futuros lançamentos cinematográficos. Foi exatamente numa dessas ocasiões em que eu vi o trailer de "Corações Sujos" e me atraí instantaneamente pelo filme, ou seja, criei grandes expectativas quanto a ele. Infelizmente, o resultado final me decepcionou profundamente.

Baseado no livro homônimo de Fernando Morais, "Corações Sujos" conta a história do surgimento da Shindo Renmei, um grupo de imigrantes japoneses no Brasil que decide assassinar os seus conterrâneos que acreditam na derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, o filme, diferente do livro, usa a história de um personagem fictício para relatar este trecho da história do país.

O indivíduo é Takahashi, um fotógrafo japonês, que é convocado pelo coronel Watanabe a fazer parte do grupo de assassinos. A partir daí, o filme acompanha as consequências que os crimes cometidos por Takahashi trarão para a sua vida e à de sua esposa, a professora Miyuki, estendendo-se à infância de uma menina, Akemi, aluna de Miyuki.

Mas afinal, se a história real é tão interessante, por que a história fictícia desagrada? Pelo simples fato de ser tratada de uma forma fria, sem um pingo de emoção. A trama do longa conta com diversos momentos fortes e trágicos, como os assassinatos cometidos pela Shindo Renmei, e aposta bastante no derramamento de lágrimas, porém o envolvimento entre filme e espectador é quase nulo. Em nenhum momento, eu fiquei feliz ou triste, mas sim indiferente àquilo tudo, e tenho certeza de que não era essa a intenção de seus realizadores.

Felizmente, tudo o que o filme falha na narrativa, é quase recompensado nos aspectos técnicos. A reconstituição da época, incluindo cenários e figurino, é impecável; a fotografia de Rodrigo Monte é belíssima; e a trilha sonora, apesar de incessante e não conseguir salvar o filme de sua frieza, é extremamente bonita, sendo um dos pontos altos do filme.

No final das contas, "Corações Sujos" ganha pontos pelas boas interpretações de seu elenco majoritariamente nipônico e por sua imensa qualidade técnica, porém perde muitos outros por causa de sua narrativa distante e desinteressante. Enfim, apesar das boas intensões, faltou coração ao filme.


NOTA: 2/5


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