segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook)


Dir.: David O. Russel; Escrito por David O. Russel; Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker. 2012 - Paris (122 min. - 12 anos)


Exite um tipo de filme que é chamado de "Oscar bait", isto é, isca para Oscar. São aqueles filmes que são feitos sob medida para atrair a atenção das grandes premiações cinematográficas como o Globo de Ouro, o SAG e, obviamente, o Oscar. Este ano, há dois claros "Oscar baits": "Lincoln" e "Os Miseráveis". O primeiro é um drama político sobre o presidente mais popular da história dos EUA dirigido por Steven Spielberg e estrelado por três ganhadores do Oscar; o segundo é um musical - gênero adorado pela Academia, mesmo que não tenha tido muita sorte nesta última década - , adaptação de um dos espetáculos mais conhecidos de todos os tempos, com um elenco de dar inveja e direção de um recente ganhador do Oscar por um típico "Oscar bait". Curiosamente, este ano os dois exemplos de iscas para o Oscar são, na minha opinião, exatamente os dois piores da lista dos nove indicados a melhor filme. Na realidade, o filme que mais me cativou foi uma comédia romântica, gênero pouquíssimo reconhecido e que vem sofrendo um desgaste nos últimos anos: "O Lado Bom da Vida".

Dirigido por David O. Russel (indicado ao Oscar há dois anos atrás pelo excelente "O Vencedor"), o filme acompanha Pat, um professor de História diagnosticado com transtorno bipolar, no momento em que ele sai da clínica onde estava internado e volta a se relacionar com a sociedade, na esperança de reaver a mulher de sua vida.

Como já é de esperar, nada vai acontecer tranquilamente, pois volta e meia ele vai sofrer sérias mudanças de humor, aparentando ser uma ameaça à sua vizinhança. Nessa confusão toda, aparece uma pessoa que entende exatamente como ele se sente: Tiffany, a cunhada de seu melhor amigo. Viúva, Tiffany manchou a sua reputação quando transou com todos do seu trabalho como forma de esquecer a dor de perder o marido. Deste encontro inusitado, surge uma amizade que pode, finalmente, trazer uma nova luz às vidas de ambos.

Não há dúvidas de que à primeira vista "O Lado Bom da Vida" pareça ser apenas mais uma comédia romântica no mar de filmes que inundam os multiplexes. Entretanto, logo nos primeiros minutos de projeção toda essa impressão cai por terra. Os personagens são nem um pouco típicos de comédias românticas, uma vez que não é todo dia que vemos filmes do gênero protagonizado por pessoas com algum tipo de distúrbio mental; e mesmo assim, quando isto ocorre, muitas vezes os filmes as tratam de forma estereotipada, quase caricatural. E daí que vem uma das maiores qualidades do roteiro de David O. Russel, se você for fazer um filme sobre duas pessoas consideradas perturbadas, por que não fazer um filme em que todos os personagens, inclusive aqueles ditos normais, tem um quê de loucura?

Como consequência disso, não só temos incríveis performances de Bradley Cooper e Jennifer Lawrence (agora oscarizada) como os dois protagonistas da história, mas também de todo o elenco, que está soberbo. Não é por nada que é a primeira vez em 31 anos que um filme é indicado a todas as quatro categorias de atuação no Oscar. Mas a maior surpresa, talvez, venha de Robert De Niro, que tem a sua melhor performance em muitos e muitos anos. Como o patriarca da família de Pat, De Niro usa todos os seus cacoetes a seu favor, a fim de brincar com as manias de seu personagem: um homem extremamente supersticioso, que tira o seu sustento fazendo apostas.

Em poucas palavras, "O Lado Bom da Vida" é uma forma extremamente divertida, sensível e bem-feita, mesmo que previsível ao final, de dizer que todos nós somos loucos de uma maneira ou de outra. E quer saber? Melhor assim.

NOTA: 4/5


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