Dir.: Roland Emmerich; Escrito por John Orloff; Com Rhys Ifans, Vanessa Redgrave, Sebastian Armesto, Rafe Spall, David Thewlis. 2011 - Sony (130 min.)
Não há dúvidas de que William Shakespeare é o mais conhecido escritor de língua inglesa. Autor de 38 peças, 154 sonetos e diversos epitáfios e outros poemas, o Bardo de Avon é um ícone não só da Inglaterra, mas de todo mundo, uma vez que suas obras já foram traduzidas para quase todas as línguas vivas. Imagine, porém, se descobrissem que, na verdade, Shakespeare era uma fraude. Ele não escreveu nenhum de seus textos e, quem diria, era analfabeto. Daí surge a premissa de "Anônimo".
Segundo o filme, o verdadeiro autor de obras como "Romeu e Julieta", "A Megera Domada", "Macbeth" e "Hamlet" era Edward de Vere, 17º Conde de Oxford. Por ser nobre e casado com a filha de William Cecil, 1º Barão de Burghley, um homem averso à escrita, Edward nunca pôde assumir publicamente a autoria de suas obras com a ameaça de ter a sua reputação e a da família de sua esposa prejudicadas.
Entretanto, Edward ainda queria mostrar o seu trabalho para o povo, não só para poder ver as suas peças ganharam a luz do dia, mas também para difundir as suas opiniões quanto à política e à nobreza britânica pelas camadas populares. Dessa forma, ele contacta um promissor escritor, Ben Jonson, obrigando-o a pôr o seu nome nas peças de autoria do conde. Entretanto, por uma virada do destino, quem acaba "assinando" as obras é William Shakespeare, um ator analfabeto e sem muitos escrúpulos.
Entretanto, o filme não fica só por aí, ligando as peças supostamente escritas por Shakespeare à toda a tensão política existente na Inglaterra da virada do século XVI para o XVII, principalmente a questão sucessória, envolvendo a já idosa Rainha Elizabeth I e o Rei Jaime VI da Escócia (posteriormente, Jaime I da Inglaterra).
Dirigido pelo alemão Roland Emmerich, conhecido por já ter destruído o mundo várias vezes no cinema em filmes como "2012", "O Dia Depois de Amanhã" e "Independence Day", "Anônimo" não traz nenhuma inovação ao gênero do drama histórico, porém recompensa a falta de originalidade com um filme bastante eficiente, divertido e envolvente.
As suas qualidades são várias. Primeiro de tudo, o elenco escolhido é muito bom. Rhys Ifans, que vive Edward de Vere desempenha muito bem o seu papel, assim como Sebastian Armesto, intérprete de Ben Jonson, e Rafe Spall, como o boêmio e irresponsável William Shakespeare. O elenco ainda conta com as presenças ilustres de David Thewlis como William Cecil e Vanessa Redgrave e sua filha Joely Richardson vivendo a Rainha Elizabeth I em duas épocas distintas de sua vida.
A reconstituição histórica também é ótima. Filmado nos estúdios Babelsberg, "Anônimo" conta com uma impecável versão cenográfica da Londres elizabetana, incluindo reconstituições do The Rose Theatre e o do The Globe Theatre. Isso sem contar os lindos palácios que abrigavam a corte britânica e suas festas. O figurino desenhado por Lisy Christl também é notável, tanto que foi indicado ao Oscar.
Até mesmo o roteiro, que peca no final com uma revelação, que apesar de ser possível naquela época, é extremamente estranha, mantém o ritmo frenético até o último minuto. Portanto, não pense em ver "Anônimo" se você estiver com sono ou prestando apenas meia atenção na história, pois é daqueles filmes que se você perde um momento sequer, você já fica todo confuso.
Enfim, "Anônimo" não foi indicado a nenhum grande prêmio em nenhuma grande categoria, mas e daí? O filme é muito bem-feito, tem uma premissa interessante, tem boas atuações e toda a produção luxuosa que você pode esperar de um longa-metragem de época.
NOTA: 3.5/5
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