Dir.: Sam Mendes; Escrito por Neal Purvis, Robert Wade e John Logan; Com Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes. 2012 - Sony (143 min. - 14 anos)
A franquia 007 é realmente impressionante! São 50 anos de história contados por 23 filmes e seis intérpretes diferentes de James Bond. Era de se esperar que hoje em dia a franquia já estivesse bastante desgastada, mas não, parece que atualmente ela está vivendo o seu auge de popularidade. Mas como? Simples: como o próprio James Bond diz no mais novo filme da saga, o seu hobby é a ressurreição; e quer fênix maior do que essa franquia? E num desses momentos de renascimento das cinzas, eis que surge "007 - Operação Skyfall".
O novo longa do agente secreto tem como pano de fundo o misterioso passado de M, que ameaça não só a reputação da chefe dos agentes como também a de todo o MI6, o serviço secreto do Reino Unido. Dessa forma, em "Skyfall", M não é apenas mais uma coadjuvante, como acontecia nos outros filmes, aqui ela é a peça-chave de toda a narrativa do longa.
A história se desenvolve exatamente igual aos últimos filmes da franquia, cheia de perseguições e cenas de ação mais realistas, opondo-se aos filmes mais antigos, que usavam e abusavam da imaginação. Apesar disso, pode-se dizer que este "Skyfall" seja o filme mais "absurdo" protagonizado por Daniel Craig como o agente secreto. Algumas cenas dentro do metrô de Londres e a própria suposta morte de Bond são bem irreais, mas não chegam nem perto das invencionices de outros filmes do personagem.
Uma das maiores qualidades de "Skyfall", porém, não é nem a história nem mesmo Daniel Craig (que a essa altura do campeonato já convence como James Bond), mas sim o vilão. Assim como em alguns filmes clássicos de 007, o vilão de "Skyfall" é memorável. Vivido espetacularmente bem por Javier Bardem, Silva é um daqueles antagonistas que vão ficar para a história da franquia. Ele é bronzeado e tem um cabelo loiro esquisito, para dizer o mínimo, ele tem parte da sua mandíbula deformada, o que o obriga a usar uma espécie de dentadura, ele tem planos mirabolantes e, por fim, tem uma cena homoerótica hilária com James Bond. Tem como não gostar?
Outra que também não deixa por menos é Judi Dench. Principalmente neste capítulo, em que M tem grande importância na história, a veterana faz o seu melhor como a exigente chefe dos agentes secretos do MI6. Isso sem contar as cenas mais desafiadoras, fisicamente falando, que devem ser bem difíceis para uma atriz de 77 anos. Mas ela foi lá e correu, se meteu debaixo de mesas etc.
Outro aspecto notável foi a direção. O filme é muito bem fotografado, a trilha sonora é boa, as atuações são ótimas, o ritmo é bem construído, enfim, o diretor mandou muito bem. Mas também não é por menos, o filme foi realizado por Sam Mendes, ganhador do Oscar por "Beleza Americana" em 2000 e diretor de outros filmes elogiados como "Estrada para a Perdição" e "Foi Apenas um Sonho". Nem preciso dizer que para quem não tinha experiência em dirigir blockbusters de ação, ele fez um excelente trabalho.
Entretanto, não gostei de alguns pontos do filme. Em primeiro lugar, em "Skyfall", falta uma Bond girl que seja realmente interessante. Neste filme, há duas, vividas pela inglesa Naomie Harris e pela francesa Bérenice Marlohe, porém nenhuma das duas tem uma entrada triunfal ou muito tempo para mostrar alguma coisa a mais do típico "quero ajudar e/ou transar com Bond". Em resumo, senti falta de uma Vesper, de "Cassino Royale". As duas deste filme nem precisavam ter a importância que a personagem de Eva Green teve no primeiro filme do 007 estrelado por Daniel Craig, mas poderiam ser, no mínimo, mais bem exploradas pelo roteiro, dando-lhes um quê a mais, que é o diferencial das Bong girls.
Além disso, o filme com seus 143 minutos começa a cansar um pouquinho no final, ainda mais que o clímax nem é tão climático assim. Para falar a verdade, na minha opinião, a melhor cena do filme foi a ótima abertura ao som da música-tema interpretada por Adele, que compete com a abertura de "Os Homens que não Amavam as Mulheres" ao som do cover de "Immigrant Song" cantado por Karen O como a melhor cena de abertura do ano.
No final das contas, "007 - Operação Skyfall" representa uma grande melhora em relação ao filme anterior da franquia, o insosso "Quantum of Solace", mas não achei o melhor filme do ano como alguns acharam. Entretanto, pode-se afirmar que "Skyfall" é um filme de ação acima da média.
P.S.: Coincidência ou não, este é o 100º post do Cinematógrapho e o personagem James Bonf fez em 2012 cinquenta anos de cinema.
NOTA: 3.5/5
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