Dir.: Craig Brewer; Escrito por Craig Brewer; Com Samuel L. Jackson, Christina Ricci, Justin Timberlake, S. Epatha Merkerson. 2006 - Paramount (116 min. - 18 anos)
O pontapé inicial de "Entre o Céu e o Inferno" é, sem dúvida alguma, bastante estranho. No filme de Craig Brewer, um ex-guitarrista de uma banda de blues, em pleno processo de divórcio, encontra desmaiada, no meio de uma estrada, uma jovem ninfomaníaca de passado conturbado. Então, visando melhorar a vida da menina, o senhor resolve acolhê-la em sua casa e livrá-la de sua obsessão por sexo, mesmo que isso inclua prendê-la a uma corrente.
Sim, essa é realmente a premissa do filme. Porém, para aqueles que não se sentiram ofendidos ou enojados por ela, "Entre o Céu e o Inferno" pode se mostrar uma grata surpresa.
Protagonizado por Samuel L. Jackson e Christina Ricci, o longa tem a seu favor diversos pontos positivos. O primeiro deles é a originalidade. A premissa em si já é bastante chamativa, afinal quem poderia imaginar uma história como essa, em que um senhor mantém uma ninfomaníaca acorrentada dentro de casa? Além disso, mais surpreendente ainda é a guinada que o filme apresenta, transformando essa premissa aparentemente misógina em um bonito conto sobre o amor entre pais e filhos.
Essa última parte, por sinal, só daria certo com os atores certos; e esse é o caso de "Entre o Céu e o Inferno". Christina Ricci, que é magrinha, tem voz aguda e que não tem um rosto especialmente fotogênico, consegue se passar com muita competência como uma piriguete do sul dos Estados Unidos. Já Samuel L. Jackson é a grande revelação do filme, mostrando que consegue carregar com excelência um filme que não envolva cobras dentro de um avião. Portanto, fica a dica: Hollywood precisa dar mais papeis principais para ele!
A fotografia, também, é um show à parte. Cortesia de Amelia Vincent, ela consegue passar para o espectador a sensação de calor típica dos estados sulistas dos Estados Unidos, chamando bastante atenção para a pele cheia de suor dos atores. Isso sem contar com a valorização que as câmeras dão para o corpo de Ricci, ajudando na construção da extrema sexualidade de sua personagem.
Mas o que seria falar de "Entre o Céu e o Inferno" sem mencionar a sua ótima trilha sonora composta apenas por canções blues? Aqui, o blues não serve só de pano de fundo para a história como também é um personagem da mesma, embalando as frustrações amorosas de seus protagonistas: Lazarus (L. Jackson) com sua ex-esposa que o trocou por seu irmão e Rae (Ricci) com seu namorado que está servindo no Exército. Não é por nada que o próprio nome original do filme ("Black Snake Moan") foi tirado de um blues de 1927, interpretado por Blind Lemon Jefferson.
Enfim, para quem estiver disposto a assistir a um filme simpático, mas não necessariamente fácil de aguentar, "Entre o Céu e o Inferno" é uma boa pedida.
NOTA: 3.5/5
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