Dir.: Steven Soderbergh; Escrito por Reid Carolin; Com Channing Tatum, Alex Pettyfer, Cody Horn, Matthew McConaughey. 2012 - Imagem (110 min. - 16 anos)
Mike é um homem de trinta e poucos anos com muitas ambições, sendo a maior delas montar a sua própria empresa de móveis customizados. Para isso, ele precisa desempenhar vários empregos bastante diferentes um do outro, fazendo com que durante o dia ele monte telhados e à noite viva nas ruas mais badaladas de Tampa à procura de clientes para o seu ganha-pão mais rentável: o strip-tease masculino. Porém, ele já está ficando velho para a função e precisa arranjar um substituto, figura esta que ele vê no jovem Adam. Daí, desenrola-se a trama de "Magic Mike", novo filme do oscarizado Steven Soderbergh.
Primeiro, vamos responder à pergunta que mais é feita sobre o filme. Quando foi lançado nos EUA, as sessões de "Magic Mike" ficaram lotadas de grupos de mulheres e homossexuais, fica, então, a dúvida: o filme tem algum atrativo para os homens heterossexuais? Acredite se quiser, tem sim! Apesar de o longa possuir cenas bem safadas de strip, incluindo closes em homens usando tanguinhas e tudo o mais, a parte da história que mais ganha importância é exatamente aquela que acontece fora do bar de strip-tease. Para falar a verdade, essas cenas até que não são muitas. Portanto, os "macho men" de plantão não precisam ficar tão preocupados caso a companheira queira levá-los ao cinema para assistir a esse filme.
E em segundo lugar: o filme é bom? Bom ele é, mas nada mais que isso.
O primeiro problema de "Magic Mike" é que ele é uma comédia dramática. Nada contra o gênero, que por sinal, quando bem-feito rende filmes ótimos. A questão é que para um longa desse tipo funcionar, ele deve equilibrar com extrema precisão a parte cômica com a parte trágica do filme, algo que não acontece em "Magic Mike". No filme de Soderbergh, essas duas partes não conseguem criar um todo coeso, pois a primeira parte do filme é decididamente cômica, cheia de shows de strip-tease e piadas; enquanto que a segunda é uma verdadeira tragédia grega, tanto que nem as poucas cenas de strip, que serviriam de alívio cômico, conseguem fazer rir.
Outra falha é o desenvolvimento dos personagens. Apesar dos três protagonistas, Mike, Adam e Brooke (irmã de Adam), serem muito bem explorados, os demais personagens são meras caricaturas. Tirando Mike e Adam, todos os outros strippers tem pouquíssimo tempo de tela, tendo, portanto, uma presença nada marcante. O único desse grupo que consegue um pouco mais de atenção é o dono do bar onde Mike trabalha, Dallas, vivido muito bem por Matthew McConaughey. Não é por nada que esse é o único dos strippers secundários que tem uma cena de real importância no filme.
Um terceiro aspecto que eu não entendi é o seguinte: Mike é considerado um stripper já em fase de envelhecimento, ou seja, perto da idade de se aposentar, entretanto, todos os outros strippers, exceto Adam, são mais velhos que ele. Enfim, fica claro que o grande problema de "Magic Mike" é o roteiro falho, escrito por Reid Carolin.
Pode-se dizer, portanto, que o que faz "Magic Mike" ir para a frente é a direção e o elenco. Quanto aos atores, todos eles estão muito bem (algo que se espera de um filme de Soderbergh, mestre em conduzir com competência grandes elencos), incluindo Channing Tatum, que vem mostrando cada vez mais que não é apenas um daqueles galãs que "atuam". Nos últimos dois anos ele tem mostrado o seu ótimo timing para comédia em filmes como "Anjos da Lei" e "O Dilema" (filme de Ron Howard em que ele tem uma pequena participação) e aqui, em "Magic Mike", ele demonstra que também sabe fazer papéis dramáticos.
Já de Soderbergh, "Magic Mike" mostra mais uma vez a versatilidade do diretor, que passeia com facilidade entre filmes independentes e alternativos (seu filmes dos anos 1990, "Bubble", "Che", "Traffic") e filmes comerciais de grande orçamento (trilogia "Onze/Doze/Treze Homens", "Contágio", "Erin Brockovich"). Além disso, mostra o cuidado que Soderbergh tem com a fotografia e com a edição de seus filmes, que, geralmente, ele mesmo faz sob os pseudônimos Peter Andrews e Mary Ann Bernard, respectivamente.
No fim, "Magic Mike" tem como o seu maior triunfo o diretor Steven Soderbergh, que não só preza pela estética de seus filmes como também tem experiência em lidar com grandes elencos, e olha, que ainda assim "Magic Mike" não é um filme notável. Imagine se dependesse apenas de seu roteiro? Teria sido bem pior.
NOTA: 3/5
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