domingo, 14 de outubro de 2012

A Guerra Invisível (The Invisible War)


Dir.: Kirby Dick; Com Helen Benedict, Kori Cioca, Hannah Sewell. 2012 (93 min.)


Na maioria das vezes, quando as Forças Armadas norte-americanas são representadas no cinema, elas são vistas como a maior qualidade da nação. São elas que protegem o país, quem sabe até o mundo, da ameaça de grandes vilões como os alemães na Segunda Guerra Mundial, os soviéticos na Guerra Fria e, atualmente, os terroristas árabes.

Nessa glorificação dos representantes da pátria há, sim, um quê de verdade. Exemplo disso foi o assassinato de Osama Bin Laden há pouco mais de um ano atrás. Porém, todos nós sabemos, inclusive aqueles que glorificam as Forças Armadas em suas obras, que nada é perfeito, e a Defesa norte-americana não é exceção. Por isso, é notável a realização de um documentário como "A Guerra Invisível".

O filme de Kirby Dick relata, através de entrevistas com ex-integrantes das Forças Armadas, jornalistas, estudiosos, advogados e representantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica etc., a ocorrência de estupros dentro dos quartéis e bases da Defesa norte-americana. Não que isso seja segredo para ninguém, mas a grande discussão levantada pelo filme é de que esses abusos sexuais ocorrem com muito mais frequência do que se imagina, e isso, obviamente, é escondido pelas instituições.

Portanto, não é de se espantar que o filme chame bastante atenção para a vida pessoal das vítimas dessas atrocidades e como isso afetou suas vidas. Dentre elas, está a "protagonista" do documentário, Kori Cioca, veterana da Guarda Costeira, que saiu da instituição após ter sido estuprada violentamente, levando até um tapa no rosto que danificou os dois discos de sua mandíbula. O documentário mostra as dificuldades que Kori tem em conseguir com que as Forças Armadas paguem a sua cirurgia, como também a relação com sua filha pequena e seu marido, que também fazia parte da Guarda Costeira, e que pediu dispensa após saber do que ocorreu com sua esposa.

Além do caso de Cioca, o longa aborda o sofrimento de várias outras mulheres, de diversas áreas das Forças Armadas, e até o abuso sofrido por um homem, que apesar de não ser tão comum, também é bastante expressivo.

O documentário, feito a partir de um notável trabalho de pesquisa, também reforça a sua opinião contra a vista grossa feita pelo Departamento de Defesa norte-americano perante as denúncias de estupro nas Forças Armadas, através de um impressionante arquivo de imagens. Entre elas, destacam-se as peças publicitárias, feitas pelo próprio governo, que culpam a vítima e não o agressor, as sessões do Senado e da Câmara de Deputados que tinham como assunto principal o abuso sexual nas Forças Armadas e reportagens sobre notórios casos sexuais dentro da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Atual e urgente, "A Guerra Invisível" é um documentário indispensável para qualquer pessoa de qualquer nacionalidade, pois apesar de focar no Exército norte-americano, o problema do estupro é universal, e saber que alguns dos heróis do país praticam ou sofrem esta crueldade é algo deplorável. Isso mostra que mesmo sendo civilizado socialmente, o ser humano ainda tem muito o que fazer dentro de sua própria mente.

NOTA: 4/5


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