sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Holy Motors


Dir.: Leos Carax; Escrito por Leos Carax; Com Denis Lavant, Edith Scob, Eva Mendes, Kylie Minogue. 2012 - Imovision (115 min. - 14 anos)


Em todo festival de cinema, sempre tem o longa favorito ao prêmio principal, uma avalanche de estrelas percorrendo extensos tapetes vermelhos e claro, um filme polêmico. Esse filme é aquele que divide opiniões - uns amam, outros odeiam, e tem aqueles que não sabem o que falar -, é diferente de todos os outros filmes em exibição, tem uma narrativa e estética atípicas, e por aí vai.

Como não poderia deixar de ser, no último Festival de Cannes teve um filme que chamou a atenção por todos esses motivos: pelo quão ruim ou bom ele era, pela sua estética e narrativa singulares, por ser a ovelha negra dos filmes em exibição. O projeto em questão era "Holy Motors" do diretor francês Leos Carax.

Sem dirigir nenhum filme desde 1999, exceto quando realizou um segmento na antologia "Tokyo" em 2008, Carax voltou à ativa com um filme extremamente estranho. Dividido em vários segmentos protagonizados pelo mesmo personagem, "Holy Motors" narra um dia na vida de Sr. Oscar, um homem de meia idade que usa uma limusine, dirigida pela choffeur Céline, de camarim para poder se arrumar para os seus encontros.

Mas que encontros são esses? Infelizmente, não posso dizer porque "Holy Motors" é daqueles  filmes que se você detalha demais, acaba estragando a surpresa. O máximo que posso contar é que eles são dos mais variados tipos, abrangendo drama, comédia, musical, fantasia: tudo isso num único filme de menos de duas horas de duração.

Já que não posso contar a história, vamos, então, às minhas observações. O filme, sem dúvida, poderia ser mais curto, achei 115 minutos um pouco além do ideal. Por causa disso, o longa resulta meio cansativo. Mesmo assim, o filme vale ser visto por alguns motivos.

O primeiro deles é a incrível interpretação de Denis Lavant como sr. Oscar. Já que o seu personagem incorpora diversas figuras ao longo do filme, Lavant tem que inventar para cada uma um jeito próprio de andar, falar e gesticular. Além disso, tem que fazer o máximo para não ser engolido pelas diversas trocas de figurino e maquiagem (essa última, por sinal, notável), e felizmente, Lavant consegue se sair muito bem em todos os tipos que interpreta.

Os outros integrantes do elenco também se saem bem. Destaque para Edith Scob, que vive a choffeur da limusine do sr. Oscar, Céline, que possui uma ótima química com Lavant, e Kylie Minogue, que mostra que poderia muito bem seguir a carreira de atriz quando não tiver mais fôlego para fazer turnês mundiais como uma estrela pop. Claro que ela não abandona a música e interpreta a canção-tema do filme, a belíssima "Who Were We".

A estética do filme também é de tirar o fôlego. A mais inventiva sequência, visualmente falando, do filme é uma em que o sr. Oscar participa de uma sessão de captura de movimentos. Nós nem conseguimos ver o rosto do personagem, apenas os seus movimentos graças ao pontos luminosos presos ao collant usado por Denis Lavant. É uma das cenas mais bonitas que vi este ano.

E o terceiro motivo para você ir ver "Holy Motors" é a sua extravagância. Sem dúvida, não há nenhum filme como este, pelo menos neste ano de 2012, e é sempre legal fugir um pouco da zona de conforto dos blockbusters para assistir a filmes que você nunca imaginaria assistir. Você pode achar uma porcaria, mas pelo menos pode dizer que viu.

Enfim, "Holy Motors" peca no ritmo, mas compensa nas atuações e no visual. Não achei ótimo, mas também não achei ruim. É bom. Do que o filme se trata? Não sei exatamente. Mulheres, falta de emoção no mundo moderno, o feio e o belo, a vida e a morte? De tudo isso ou de nenhum desses assuntos? É, realmente, "Holy Motors" é um filme com muitas perguntas e poucas respostas, e acho que é por isso que apesar de não achá-lo nenhuma maravilha, eu não me arrependo nem um pouco de ter gastado dinheiro e tempo assistindo-o.


NOTA: 3/5


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