Dir.: Genndy Tartakovsky; Escrito por Peter Baynham e Robert Smigel; Com Adam Sandler, Andy Samberg, Selena Gomez, Kevin James. 2012 - Sony (91 min.)
"Hotel Transilvânia" tem, sem dúvida alguma, uma das premissas mais criativas deste ano de 2012. O longa parte do princípio de que existe um hotel, gerenciado pelo famosíssimo Conde Drácula, aonde os monstros vão para tirar férias sem sofrer a ameaça dos humanos. Entretanto, o verdadeiro motivo para o rei dos vampiros ter construído um enorme castelo para abrigar diversos monstros foi proteger a sua amada filha, Mavis, dos perigos do mundo externo.
Porém, tudo complica quando nas comemorações dos 118 anos de idade de Mavis, surge no hotel um jovem mochileiro que pode por em risco o maior segredo já guardado. Portanto, Conde Drácula se vê na difícil missão de esconder de todos os seus hóspedes, inclusive a sua filha, de que há um humano no hotel, supostamente, livre de humanos.
Felizmente, "Hotel Transilvânia" faz jus ao seu criativo argumento e consegue divertir tanto jovens e adultos.
Apesar de o roteiro seguir um caminho seguro e investir na mais velha estrutura narrativa que existe (normalidade-complicação-desenvolvimento-desentendimento-reconciliação-volta à normalidade), além de depender bastante das piadas físicas, o filme entretém, pois conta com personagens extremamente carismáticos. O Conde Drácula super protetor, a filha curiosa, o estranho sem noção, o Frankenstein pouco inteligente, a múmia bonachona, entre outras figuras muito interessantes, fazem o espectador esquecer da familiaridade da história e embarcar nessa aventura hiperativa (e bota hiperativa nisso!).
Outro ponto crucial para o sucesso do filme é a direção do russo Genndy Tartakovsky. Animador de longa data e criador de clássicos do Cartoon Network como "O Laboratório de Dexter" e "Samurai Jack", além da aclamada minissérie de curtas "Star Wars: Clone Wars", Tartakovsky sabe como ninguém manipular a imagem de seus desenhos. Em todos os seus programas, os traços dos personagens são extremamente bem definidos e os cenários são de notável beleza, principalmente em "Samurai Jack".
Em "Hotel Transilvânia", sua estreia como diretor de longa-metragens, ele não faz diferente. Todos os personagens são facilmente identificáveis e de feições e formas marcantes (por sinal, o Conde Drácula lembra vagamente o Jack) e o hotel conta com criativos cenários. Por sinal, uma das minhas cenas favoritas do filme, uma em que o Drácula e Jonathan (o humano intruso no hotel) andam por diversos corredores no subterrâneo do castelo, lembra perfeitamente as séries de Tartakovsky, principalmente a maneira do Conde andar.
O filme também, como não poderia deixar de ser, faz ótimas piadas em relação aos diversos monstros que se hospedam no hotel. Exemplos delas não faltam como o fato do Frankenstein viver se desmontando, a impossibilidade de alguém ver o Homem Invisível (o que, às vezes, cria situações constrangedoras para os personagens) e os avisos de "não perturbe" das portas serem cabeças de vudu. Isso sem contar, a aparição dos zumbis de Mozart, Bach e Beethoven e a hilária sátira à saga Crepúsculo.
Então, apesar de não ser um clássico do cinema de animação, podendo ser facilmente esquecido daqui a alguns anos, "Hotel Transilvânia" cumpre com muita competência a sua função de ser uma mera diversão descompromissada para toda a família.
P.S.: 1) Fique no início dos créditos para ver uma criativa sequência feita em animação tradicional; 2) apesar do incrível visual de Tartakovsky, o 3D é totalmente descartável. Portanto, se puder evitá-lo, melhor.
NOTA: 4/5
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