Dir.: Behn Zeitlin; Escrito por: Lucy Alibar e Behn Zeitlin; Com Quvenzhané Wallis, Dwight Henry, Levy Easterly, Gina Montana. 2012 (93 min. - 10 anos)
Quando fiquei sabendo pela primeira vez de "Indomável Sonhadora" e até depois que assisti ao seu trailer, só pude pensar em uma coisa: lá vem mais um "A Árvore da Vida", um filme que, apesar de muitos amarem, eu achei, ironicamente, morto. Porém, fico feliz em dizer que o meu pré-conceito era totalmente infundado, uma vez que "Indomável Sonhadora" é um filme acessível, nada pretensioso e, o melhor de tudo, vivíssimo.
O longa, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance e da mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, conta a história de uma simpática menina chamada Hushpuppy. Moradora de uma região miserável e isolada de toda movimentação urbana dos Estados Unidos, Hushpuppy vive em um barraco feito de uma infinidade de materiais junto com seu pai, viúvo e doente.
No vilarejo onde vive, os mitos ainda têm uma força gigantesca, e o principal deles espalha o medo entre os seus moradores: a história de uma enorme tempestade que inundará o mundo e que descongelará perigosíssimos seres pré-históricos. Entretanto, ninguém esperava que o mito se concretizasse em tão pouco tempo, pois após uma forte chuva, os habitantes que permaneceram no vilarejo viram as suas casas cobertas de água e uma preocupante escassez de comida. Além disso, a ação governamental de tirar os moradores daquela região devido à sua periculosidade traz novas aflições a essas pessoas humildes.
Não há como negar, que a premissa do filme parece a de um verdadeiro dramalhão mexicano (algo que o "ótimo" título em português apenas corrobora), entretanto o longa possui diversas situações cômicas e fantásticas que aliviam um pouco a tensão das cenas mais dramáticas. Por sinal, "Indomável Sonhadora" é um filme cujo roteiro merece ser lembrado na próxima temporada de premiações.
Se o roteiro em si já é muito bom, o elenco, então, só melhora as coisas. A protagonista, a incrivelmente talentosa e simpática Quvenzhané Wallis, é o grande triunfo da produção. Apesar de ter apenas cinco anos de idade quando interpretou Hushpuppy, Wallis mostra ser uma grande aposta, que consegue se sair bem tanto em cenas cômicas como em outras mais emocionantes. O seu pai da ficção, Dwight Henry, também não deixa a peteca cair e tem ótimas cenas com Wallis. A química entre os dois é inegável. Isso sem contar com o elenco secundário, com destaque para Gina Montana, intérprete da srta. Bathsheba.
Outra grande qualidade do longa é o trabalho do diretor Behn Zeitlin e sua equipe. Apesar de ter um orçamento de apenas 1,8 milhões de dólares (uma quantia ínfima para o cinema norte-americano), Zeitlin consegue filmar cenas belíssimas em locais extremamente complicados, como as áreas alagadas predominantes no filme. Por sinal, excelente trabalho de fotografia de Ben Richardson.
No final das contas, "Indomável Sonhadora" me impressionou pela criatividade, mas ao mesmo tempo, simplicidade de sua história, pelo ótimo elenco de ilustres desconhecidos, pelo ótimo trabalho feito com tão pouco dinheiro. Enfim, é um filme de escala pequena, mas de grande alma.
NOTA: 4/5
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