domingo, 23 de dezembro de 2012

O Homem da Máfia (Killing Them Softly)


Dir.: Andrew Dominik; Escrito por Andrew Dominik; Com Brad Pitt, Richard Jenkins, James Gandolfini, Ray Liotta. 2012 - Imagem (97 min. - 16 anos)


Apesar de ser australiano, o diretor Andrew Dominik parece ter um grande interesse pela história e pelo conjunto de valores que moldam a sociedade norte-americana. Em "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", Dominik usa a história de um dos bandidos mais famosos dos EUA para fazer um comentário sobre o culto às celebridades. Já em seu mais novo filme, "O Homem da Máfia", o diretor acompanha os serviços de um assassino profissional para analisar a forte ligação entre a sociedade americana e o capitalismo.

O filme tem como protagonista Jackie Cogan, um assassino profissional que é contratado pela máfia para eliminar indivíduos envolvidos com o roubo de uma casa de apostas. Entre os alvos estão os dois assaltantes, o chefe deles e o dono do local assaltado. Entretanto, não espere um filme frenético, cheio de explosões e tiroteios, pelo contrário, "O Homem da Máfia" sustenta-se basicamente nos diálogos entre os mafiosos e os seus funcionários. Mesmo assim, o longa é bastante eficiente e até consegue explicar os intricados planos da máfia de forma relativamente simples.

O elenco, por sua vez, é muito bem aproveitado. Brad Pitt está impecável como o grande canalha que é Cogan. Por sinal, a melhor cena do filme (a última) é a combinação perfeita entre os diálogos afiados de Andrew Dominik e a ótima performance de Pitt. Mas além do galã (num papel totalmente anti-galã, diga-se de passagem), estão também no filme Richard Jenkins, James Gandolfini e Ray Liotta e os desconhecidos Scoot McNairy e Ben Mendelsohn como os dois assaltantes. Todos eles estão muito bem.

Entretanto, o filme falha um pouco na transmissão de sua mensagem para o público. Fica claro que toda a história serve para ilustrar as consequências do capitalismo exacerbado que construiu a maior potência econômica do mundo, já que o diretor usa entrevistas de rádio e trechos de telejornais para localizar o espectador no tempo e no seu contexto político-econômico. Porém, Dominik acaba exagerando na dose, uma vez que em todo momento mais silencioso ele insere trechos de entrevistas ou comentários econômicos que falem sobre a crise de 2008.

Apesar de nunca recuperar a tensão presente em seu primeiro ato, no qual ocorre o assalto que desencadeia toda a história, "O Homem da Máfia" conta com roteiro, diretor e elenco eficientes para não deixar a peteca cair. Sem dúvida não merecia todo o ódio que vem recebendo do público.

NOTA: 3.5/5


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