Dir.: Luciano Moura; Escrito por Luciano Moura e Elena Soarez; Com Wagner Moura, Mariana Lima, Lima Duarte. 2013 - Downtown Filmes (96 min. - 12 anos)
Dificilmente a gente vê um filme comercial brasileiro que fuja de um dos dois gêneros a seguir: a comédia e o drama biográfico. É só uma questão de ver os longas brasileiros de maior sucesso no ano passado para comprovar isso: "De Pernas pro Ar 2" (comédia), "Até que a Sorte nos Separe" (comédia), "Os Penetras" (comédia), "E aí... Comeu?" (comédia) e "Gonzaga - De Pai para Filho" (drama biográfico). Por isso que me deu vontade de ir assistir a "A Busca". Não é todo dia que um drama familiar (não baseado em acontecimentos reais) misturado com filme de ação chega às nossas telonas com tamanha divulgação.
O longa acompanha um casal, Theo e Branca, que em pleno processo de separação leva um baque quando o filho desaparece sem mais nem menos bem no dia de seu aniversário. Theo, então, desesperado, resolve ir à procura do filho pelos lugares mais inóspitos do interior do Brasil, ao mesmo tempo em que repensa a sua própria relação com seu pai.
Estreia de Luciano Moura na direção, "A Busca" já merece destaque por sua produção caprichada. Ao contrário de muitos filmes brasileiros que vemos por aí, o longa possui uma fotografia cuidadosa (apesar de abusar de closes muito próximos ao rostos dos atores) e uma direção de arte muito bem feita. A edição, essencial para que um filme desse tipo mantenha o ritmo, também é exemplar e de extrema precisão.
Porém, o filme ganha muito com a presença de Wagner Moura. O ator, que em outras ocasiões já mostrou todo o seu potencial, aqui continua a fazer um excelente trabalho. Em nenhum momento sua personagem cai na caricatura, cheia de caras e bocas, como poderia ter acontecido. Ao invés disso, Moura cria um Theo realista, mas sem deixar que ele se torne uma pessoa fria, que acabe se distanciando do espectador. Nada a reclamar também dos coadjuvantes Mariana Lima e Brás Antunes que cumprem bem o seu papel e da participação especial de Lima Duarte numa atuação sincera e de extrema importância emocional para a história.
Entretanto, o roteiro deixa um pouco a desejar. A busca em si parece mais uma brincadeira de ligar os pontos, idêntica àquelas de livro infantil, como também o drama da separação de Theo e Branca não sai do óbvio em nenhum momento. Além disso, há aqueles absurdos típicos de filmes do gênero como, por exemplo, por que, em nenhum momento, os pais pensam em ligar para a polícia? Como o carro de Theo consegue andar por tanto tempo sem ter de abastecer o tanque de gasolina? Enfim, não é nada que prejudique fatalmente o filme, mas também não há nenhuma novidade no enredo.
Lançado no Festival de Sundance de 2012, quando ainda se chamava "A Cadeira do Pai", "A Busca" merece parabéns por investir num gênero pouco explorado pelo cinema brasileiro, mesmo que não tenha um roteiro muito inspirado. Pelo menos vê-se um esforço da Globo Filmes (inegavelmente a maior produtora de filmes do Brasil) em investir em projetos fora da sua zona de conforto.
NOTA: 3.5/5
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