Dir.: Terrence Malick; Escrito por Terrence Malick; Com Q'orianka Kilcher, Colin Farrell, Christopher Plummer, Christian Bale. 2005 - PlayArte (135 min. - 12 anos)
Em 1607, os ingleses chegaram à região do estado da Virgínia, nos EUA, montando uma pequena colônia à beira do mar. Porém, no entorno viviam os integrantes da tribo indígena Powhatan, liderada por Wahunsunacock, cuja filha se chamava Pocahontas. Durante uma expedição rio abaixo, um dos líderes dos colonos, John Smith, é sequestrado pelos indígenas e ameaçado de morte. Afinal, quem eram aqueles seres que estavam invadindo o território dos nativos da região? Entretanto, Pocahontas intervém e impede que Smith seja morto; em troca, ela ensina a cultura dos indígenas para ele, e ele a cultura dos ingleses para ela. Começa assim, um dos primeiros momentos de choque cultural na América do Norte. E é esse encontro que é relatado no filme "O Novo Mundo".
Dirigido por Terrence Malick (realizador do ótimo "Além da Linha Vermelha", mas do fraco "A Árvore da Vida"), o longa aborda a história da índia mais famosa do mundo como uma mistura de fantasia e realidade. Digo isso, pois, apesar de ser uma versão bem mais realista do conto da Pocahontas (afinal de contas, a versão mais conhecida da história é aquela apresentada no filme da Disney), o filme também não deixa de dar floreios românticos ao relacionamento entre a índia e John Smith. Na realidade, o romance entre eles até hoje não foi comprovado.
Como já é de se esperar de um filme de Malick, o longa conta com uma belíssima produção. A reconstituição de época é primorosa. Os navios ingleses, a colônia à beira mar, as construções na aldeia da tribo Powhatan, os figurinos: tudo é feito com extrema minúcia. Isso sem contar o fato de que o filme foi filmado em locais bastante próximos àqueles onde a história efetivamente se desenrolou. A trilha sonora, composta por James Horner, mas que também contém trechos de música clássica como o "Concerto para Piano número 23" de Mozart, é emocionante e bastante grandiosa, o que combina com os amplos espaços naturais que servem de cenário para a narrativa. Porém, o mais impactante é a belíssima fotografia de Emmanuel Lubezki, que captura com primor as imagens naturais, marca registrada da filmografia de Malick. Não é por nada que o diretor convocou Lubezki novamente para seu filme seguinte, "A Árvore da Vida", que apesar de suas falhas contém uma fotografia espetacular.
O elenco também é impressionante. Colin Farrell, como John Smith, está muito bem, assim como Christian Bale (que só aparece a partir da metade do filme), como John Rolfe, o homem que, no final das contas, se torna marido de Pocahontas. Ainda entre os ingleses, há as pequenas, mas mais do que especiais participações de Christopher Plummer e de David Thewlis. Entretanto, a grande estrela é Q'orianka Kilcher. Revelada nesse filme, Kilcher incorpora de forma exemplar a personagem de Pocahontas, a índia ingênua e curiosa, que se vê como peça-chave do conflito entre os nativos e os colonizadores. Realmente, foi uma bela descoberta de Malick.
Porém, apesar de, no geral, ser um bom filme, "O Novo Mundo" sofre muito com o ritmo. Com cerca de duas horas e quinze minutos de duração, o filme é um daqueles casos em que mais uma sessão de cortes seria o ideal. Por se tratar de um filme de Terrence Malick, eu já não esperava um filme muito movimentado, porém "O Novo Mundo" se torna um filme lento até demais, principalmente em sua segunda metade, o que torna a experiência, em certos momentos, enfadonha.
Apesar de seus probleminhas aqui e acolá, "O Novo Mundo" conta com uma história bastante interessante e um elenco de respeito, o que já faz dele uma recomendação.
NOTA: 3/5
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