quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sucker Punch - Mundo Surreal (Sucker Punch)


Dir.: Zack Snyder; Escrito por Zack Snyder e Steve Shibuya; Com Emily Browning, Abbie Cornish, Vanessa Hudgens, Carla Gugino. 2011 - Warner (110 min. - 14 anos)


A ideia por trás de "Sucker Punch - Mundo Surreal" é bastante interessante. Uma adolescente, cuja mãe acabou de morrer e que acidentalmente matou a própria irmã, é enviada por seu padrasto para um hospício onde são feitos procedimentos, no mínimo, inusitados, como a lobotomia. Porém, ao mesmo tempo, a jovem, enquanto dentro da instituição, é transformada em prostituta e dançarina e se une às outras garotas do local para planejar uma fuga desse pesadelo. Só que o grande mote do filme é que cada etapa do plano das meninas recebe ares fantásticos e é embalado por uma música diferente. Em outras palavras, o longa se propõe a misturar intimamente narrativa, música e visual para contar de forma inovadora uma história simples. É uma pena, portanto, que "Sucker Punch" seja tão sem graça.

Dirigido por Zack Snyder, realizador de "300" e "Watchmen - O Filme", o longa tem a seu favor o visual marcante, marca registrada de seu realizador. Assim como o filme dos espartanos, "Sucker Punch" foi filmado em grande parte usando a tela azul, dando ao filme a impressão de que o seu orçamento era o dobro do orçamento real. Além disso, a fotografia, especialmente nas cenas dentro do hospício, é muito bem realizada. Entretanto, tenho que admitir que os efeitos especiais deixam a desejar, ainda mais num filme que faz tanto uso deles.

A trilha sonora, que é parte fundamental para a história do filme, também é um dos pontos altos do longa. Com remixagens e covers de sucessos da música pop como "Army of Me" da cantora islandesa Björk e "Sweet Dreams (Are Made of This)" da dupla Eurythmics, a seleção musical do filme é, realmente, de altíssima qualidade.

Porém, no que diz respeito ao roteiro, o filme decepciona profundamente. Apesar de raros, há certos filmes que fariam bom uso de mais uns 15, 20 minutos de duração, e "Sucker Punch" é um deles. Com toda a história de fundo da protagonista reduzida a menos de cinco minutos, servindo de sequência de abertura do longa, as motivações da personagem, apesar de justas, nunca parecem muito convincentes. Tudo bem, sabemos que ela foi prostituída contra a sua vontade e que ela odeia o padrasto, mas em nenhum momento se sente isso; tudo fica muito preto no branco. Não há nuances, e isso se deve à construção precária da personagem. Na verdade, não só dela, mas de todas as outras também.

Além disso, não entendi a contradição absurda que permeia todo o filme. O tempo todo, a narrativa levanta a bandeira do feminismo, de como a mulher não deve se submeter aos homens, etc. etc. etc. Porém, nas sequências de batalhas, que representam as etapas da fuga, todas as garotas usam roupas minúsculas, que deixam coxas e decotes de fora. Não estou dizendo que elas deviam usar roupa de freira, mas se essas batalhas são exatamente o momento em que elas se libertam da dominação masculina, por que nessas sequências elas se vestem como verdadeiros fetiches masculinos ambulantes? Quer dizer que o filme, que prega o feminismo, para atrair o público masculino, precisa mostrar jovens mulheres de roupa de colegial? Na minha visão, isso é o filme, literalmente, jogando a sua mensagem por água abaixo só para poder arrecadar mais dinheiro nas bilheterias.

O elenco também é outra decepção. A protagonista Emily Browning não consegue sustentar o filme pelo simples fato de ela passar o filme inteiro com a mesma expressão facial. Até Carla Gugino, que é uma atriz bastante competente, não consegue fazer mais do que um sotaque nazista. Para falar a verdade, os únicos que conseguem se sobressair são Oscar Isaac, como o diretor do hospício, e Abbie Cornish, como uma das garotas fugitivas. Somente os dois conseguem dar aos seus personagens algo a mais.

"Sucker Punch - Mundo Surreal" é uma bela ducha de água fria em quem esperava um filme emocionante e coerente. Para quem se decepcionou, pelo menos há um consolo: Zack Snyder não colocou nenhuma sofrível cena de sexo no filme.

NOTA: 2/5


Nenhum comentário:

Postar um comentário