quarta-feira, 20 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman)



Dir.: Rupert Sanders; Escrito por Evan Daugherty, John Lee Hancock e Hossein Amini; Com Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron. 2012 - Universal (127 min. - 12 anos)


De tempos em tempos, os estúdios de Hollywood lançam num curto espaço de tempo filmes de temática bastante parecida. Foi assim com "Armageddon" e "Impacto Profundo" em 1998,  "O Show de Truman" e "Edtv" em 1998/99, "Curtindo a Liberdade" e "A Filha do Presidente" em 2004, "O Ilusionista" e "O Grande Truque" em 2006, e mais recentemente, "Sexo sem Compromisso" e "Amizade Colorida" em 2011. Obviamente, as comparações são inevitáveis e, exatamente por isso, o lançamento de dois filmes baseados no conto da Branca de Neve no mesmo ano deu o que falar.

Entretanto, os dois filmes não podiam ser mais diferentes um do outro. Enquanto "Espelho, Espelho Meu", lançado no início do ano, é uma comédia familiar colorida e alegre, "Branca de Neve e o Caçador" é um épico de ação recheado de efeitos especiais e sequências de batalha. Porém, apesar do potencial, esta adaptação sombria do conto dos irmãos Grimm deixa um gosto de decepção ao final da sessão.

No longa, Branca de Neve é uma jovem que vive trancafiada numa cela dentro de uma das torres do castelo da rainha Ravenna, sua bela e amargurada madrasta. Um dia, porém, Branca consegue fugir e se refugia na Floresta Negra, onde conhece o Caçador, um viúvo que havia sido contratado pela rainha para capturá-la. Entretanto, o Caçador simpatiza com a garota e ambos decidem se unir para acabar com o reinado de Ravenna.

Para início de conversa, quero deixar bem claro que não achei "Branca de Neve e o Caçador" um filme ruim, mas sim um projeto mal-aproveitado. O roteiro, apesar de ter sido escrito a seis mãos, peca em não trazer elementos novos realmente interessantes ao conto medieval, exceto por um discurso feminista que se encaixa bem na história. O filme, que já demora a dar início à sua história propriamente dita, não tem um único momento em que o espectador fica na ponta da cadeira, genuinamente animado. Pelo contrário, quando o filme parece que vai empolgar, murcha e fica por isso mesmo.

Além disso, certos momentos parecem extremamente forçados. Um exemplo é a sequência em que Branca de Neve escapa do castelo de sua madrasta. Ela, simplesmente, ficou presa numa masmorra por quase toda a vida, mas ainda assim, consegue nadar em alto mar e cavalgar como uma experiente amazona, despistando os funcionários da rainha. Isso sem contar que em apenas alguns dias ela se torna uma verdadeira guerreira, sabendo empunhar uma espada com se fizesse isso há muito tempo.

O elenco também está insosso. Kristen Stewart está melhor aqui do que em todos os filmes da saga Crepúsculo juntos, mas continua usando e abusando de seus trejeitos característicos. Chris Hemsworth, apesar de ser aquele com o melhor desempenho entre o trio de protagonistas, ainda interpreta o Caçador como uma versão menos shakesperiana de Thor. Mas sem dúvida alguma a maior decepção é Charlize Theron. Não só a sua personagem, a rainha, tão presente nos trailers e pôsteres do filme, aparece basicamente no início e no fim do filme, a sua interpretação é bem acima do tom, cheia de caras e bocas. Enfim, nem parece aquela atriz que ganhou um Oscar por "Monster - Desejo Assassino" e que consegue ter boas performances até em filmes medianos.

Felizmente, a equipe técnica ampara com muita competência o diretor Rupert Sanders. Os efeitos especiais são muito bons, a trilha sonora de James Newton Howard se encaixa perfeitamente com a proposta do filme, a fotografia de Greig Fraser, apesar de às vezes ser um pouco escura demais, é muito bonita, o figurino da ótima Colleen Atwood é extremamente bem-feito, a direção de arte é notável, e por aí vai.

Então, apesar de ser perfeitamente suportável e tecnicamente impecável, "Branca de Neve e o Caçador" decepciona, pois poderia ter sido muito mais do que apenas um colírio para os olhos.

NOTA: 3/5





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