sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cisne Negro (Black Swan)


Dir.: Darren Aronofsky; Escrito por Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin; Com Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel. 2010 - Fox (108 min. - 16 anos)


Ao analisar a filmografia do norte-americano Darren Aronofsky, pode-se perceber que vários de seus filmes falam sobre a importância que os seres humanos dão à notoriedade. Todos nós queremos ser vistos da melhor forma possível, nós queremos ser perfeitos a qualquer custo. Este tema foi abordado em "Réquiem para um Sonho", em "O Lutador" e em seu mais recente filme, "Cisne Negro".

No longa, uma bailarina extremamente técnica e perfeccionista, Nina Sayers, recebe a incumbência de protagonizar uma nova montagem do clássico de Tchaikovsky, "O Lago dos Cisnes". Porém, o seu personagem, a Rainha Cisne, incorpora duas personas completamente opostas: o Cisne Branco e o Cisne Negro. O Cisne Branco não é o problema: Nina é um doce de pessoa, frágil e um pouco infantil; enfim, ela se encaixa perfeitamente no papel. Por outro lado, o Cisne Negro é sensual e perigoso, o inverso de Nina. Entretanto, no intuito de manter o papel em suas mãos de qualquer jeito, ela começa a se esforçar para deixar o seu lado negro aparecer mesmo que para isso tenha que abandonar a sua sanidade também. A partir desta premissa, Aronofsky constrói um suspense psicológico intenso, abundante em violência e sexualidade. 

Um dos aspectos mais interessantes do roteiro é o fato do filme se passar no mundo do balé, que é, aparentemente, encantador e mágico, mas que no fundo esconde uma realidade muito mais densa e sofrida. Podemos até considerar isto como uma representação literal do espírito de Nina, dividido entre o bem e o mal durante a procura pela perfeição.

Num ritmo frenético, "Cisne Negro" mostra de forma bastante convincente a transformação de sua protagonista. A cada passo seu, a cada gesto, é possível ver que ela já não é mais a mesma. A garota meiga, como diz sua mãe, está desaparecendo e dando lugar à uma figura perigosa e sexualizada. Para isso, Natalie Portman desempenha uma boa performance (apesar de não ser tão boa quanto o seu Oscar parece indicar), na qual ela se desgasta física e emocionalmente.

Acompanhando a turbulência emocional de Nina estão Thomas, Lily e Erica, respectivamente, o diretor da companhia de balé, a concorrente de Nina ao papel principal de Rainha Cisne e a mãe da bailarina perturbada. Todos os três vividos com competência por Vincent Cassel, Mila Kunis e Barbara Hershey.

Com uma trilha sonora desesperada (no bom sentido) de Clint Mansell e tensão para dar e vender, "Cisne Negro" não é um filme perfeito, mas que merece toda a atenção que lhe foi, e em certa parte, ainda lhe é dada.

NOTA: 4/5


Um comentário:

  1. Joao
    Conheci hoje seu blog, li suas ultimas criticas, e ... Adorei. Muito bom ! Parabens !
    Vinicius

    ResponderExcluir