Dir.: Darren Aronofsky; Escrito por Hubert Selby Jr. e Darren Aronofsky; Com Ellen Burstyn, Jared Leto, Jennifer Connelly, Marlon Wayans. 2000 - Europa Filmes (102 min. - 18 anos)
Várias vezes já ouvimos que algo é igual a um soco no estômago. Mesmo não sabendo exatamente qual é a sensação de levar um soco no estômago, sabemos que é algo extremamente desagradável, incômodo por demais. Palavras, músicas, pinturas... dependendo do quão forte são, lembram um soco no estômago. E claro, há certos filmes que causam um incômodo imenso, praticamente incontrolável, parecem um soco no estômago. Podemos dizer, então, que "Réquiem para um Sonho" é um verdadeiro soco. No estômago, na cara, nas pernas, onde quer que seja! A sensação de incômodo é inevitável.
Mas alguém pode dizer: "mas afinal, o que você esperava de um filme sobre drogas?". Realmente, algo não muito diferente, mas sempre há filmes sobre assuntos obscuros, pesados, que são apenas um tapinha nas costas. Um exemplo recente é "Paraísos Artificiais" de Marcos Prado: um filme que fala sobre drogas, tem muitas cenas que envolvem o seu consumo, mas ao mesmo tempo é um tédio, bem chatinho mesmo; simplesmente não causa sensação alguma, exceto um pouco de sono. Felizmente, não é o caso aqui.
"Réquiem para um Sonho" leva o espectador ao riso, ao espanto, ao choque, à empatia, ao medo, à pena... Enfim, a uma infinidade de sensações; e é por isso que dá tão certo.
O filme é divido basicamente em três histórias que envolvem quatro personagens. A primeira tem como protagonista uma idosa, Sara, que depois que o marido morreu e o filho saiu de casa sente-se bastante sozinha. Portanto, gasta todo o seu dia assistindo a um programa de auto-ajuda na televisão. Um dia, porém, a sua vida fica movimentada quando ela recebe uma ligação de uma empresa que procura pessoas que possam participar de programas de tevê, dizendo que ela havia sido selecionada entre uma enorme lista de possíveis participantes. A autoestima de Sara, então, cresce absurdamente e ela resolve que vai emagrecer para caber no vestido vermelho que usou na formatura de seu filho no ensino médio. Com isso, ela acaba se viciando em anfetaminas.
Em paralelo, o filho de Sara, Harry, e seu amigo, Tyrone - dois viciados em drogas -, decidem iniciar o seu próprio negócio: um esquema de tráfico de narcóticos. Com este plano, eles procuram mudar de vida completamente (enriquecer, melhorar o apartamento onde vivem, investir em outros ramos), entretanto, sem deixar de consumir drogas diariamente.
Enquanto isso, numa terceira história, a namorada de Harry, Marion, se junta aos dois rapazes e decide aproveitar para abrir a sua própria loja de roupas. O problema é que Marion, assim como Harry e Tyrone, também é usuária de drogas e não pretende largar o vício, mesmo que a sua vida melhore.
Em todas as três histórias, o início é promissor: Sara consegue emagrecer treze quilos, Harry e Tyrone começam a ganhar bastante dinheiro com o tráfico e, consequentemente, Marion consegue comprar a sua loja e passa a desenhar modelos e mais modelos de roupas. Entretanto, não é surpresa que uma hora a casa cai, e é aí que os quatro começam a ver o lado negro das drogas.
Dirigido pelo cultuado Darren Aronofsky (do recente sucesso "Cisne Negro"), "Réquiem para um Sonho" não só é um filme bem-feito e com ótimas performances de Ellen Burstyn (indicada ao Oscar de melhor atriz em 2001), Jared Leto, Jennifer Connelly e Marlon Wayans, mas é um longa único e que merece ser visto não só pelo público dos cinemas de arte, mas por toda sociedade.
Apesar de ser um filme no estilo "ame-ou-odeie", com cortes rápidos, ritmo acelerado e posicionamentos de câmera excêntricos, "Réquiem para um Sonho" não é apenas um longa sobre as consequências do uso de drogas, mas acima de tudo, é um estudo do próprio ser humano e do seu vício em ser reconhecido pelos outros como alguém importante, mesmo que tudo que lhe seja essencial já esteja ao seu lado.
NOTA: 4/5
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