segunda-feira, 9 de julho de 2012

Para Roma com Amor (To Rome with Love)


Dir.: Woody Allen; Escrito por Woody Allen; Com Woody Allen, Roberto Benigni, Alec Baldwin, Penélope Cruz. 2012 - Paris (112 min. - 12 anos)


A viagem de Woody Allen pela Europa começou em 2005, depois de uma onda de fracassos no EUA no início da década de 2000. Desde então, apenas "Tudo Pode Dar Certo" de 2009 foi filmado na sua amada Nova York. Enquanto isso, a aventura que começou em Londres se expandiu para outros países como Espanha, França e agora, Itália.

Dessa viagem resultaram-se sete filmes que vão do ótimo como o primeiro da safra, o londrino "Match Point - Ponto Final", ao razoável como "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos", também concebido em Londres. O último filme desse grupo, "Para Roma com Amor" está no meio desses dois extremos: não é o melhor deles, mas por outro lado, é um filme muito simpático e divertido.

O longa é uma antologia de contos, a primeira de Allen desde "Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo, mas Tinha Medo de Perguntar" há quarenta anos atrás. Porém, ao invés de ser divido em segmentos como o filme de 1972, "Para Roma com Amor" entrelaça os seus quatro contos, portanto, o início, o meio e o fim deles acontecem simultaneamente.

O primeiro conto conta a história de um jovem casal que se conhece nas ruas de Roma - ele é italiano, Michelangelo, e ela é americana, Hayley - e que se apaixona quase que instantaneamente. Em pouco tempo, Hayley já conhece toda a família de Michelangelo, porém, ele deseja conhecer os pais dela, afinal se eles quiserem deixar o relacionamento mais sério, precisam do aval dos pais da moça.

Quando estes chegam, não deixam uma boa impressão, principalmente o pai de Hayley, um diretor de ópera aposentado que, após ouvir o pai de Michelangelo cantando lindamente no chuveiro, insiste na ideia de fazê-lo uma estrela dos palcos. O problema é que ele só canta bem debaixo d'água.

Como não é bobo nem nada, Woody Allen escreveu o melhor personagem do filme para ele interpretar como também o conto do qual participa é o mais engraçado. A premissa é inusitada, as piadas funcionam, os personagens são bons etc. Isso sem contar com a ótima parceria entre Allen e Judy Davis, que fazem os pais de Hayley; os dois estão simplesmente ótimos em seus respectivos papéis.

O segundo conto baseia-se naquela famosa frase de Andy Warhol: "no futuro toda a gente será famosa por quinze minutos". Nele, um pacato trabalhador romano, da noite para o dia, torna-se a nova sensação da Itália, sendo chamado para participar de programas de tevê e pré-estreias de filmes. Mas por quê? Ele não fez nada de importante, não é ator ou cantor. Simples, ele é famoso por ser famoso.

Esse é outro conto que dá certo por causa de sua premissa absurda, que cria possibilidade para piadas extremamente engraçadas como a primeira entrevista de Leopoldo, o cidadão celebridade, para a televisão. As perguntas são tão idiotas que nos fazem rir loucamente. Além disso, Roberto Benigni não faz feio e deixa as situações ainda mais engraçadas.

O terceiro conto mostra a chegada de um casal, Antonio e Milly, do interior à Roma para se encontrar com um grupo de familiares aristocráticos que podem dar um ótimo emprego a Antonio. Porém, quando vai buscar um cabeleireiro, Milly se perde nas ruas da cidade e não consegue chegar a tempo ao encontro. Enquanto isso, Antonio recebe a visita de uma prostituta, Anna, que diz ter sido paga para satisfazer os seus desejos. Entretanto, a situação se complica quando os tais aristocratas encontram Antonio e Anna em cima da cama em trajes não muito adequados. Por causa disso, Anna tem que fingir ser Milly para que Antonio não perca o emprego que pode mudar a sua vida.

Esse é outro conto bastante interessante. Não é o mais engraçado deles, mas possui momentos bastante inspirados, principalmente aqueles que envolvem a garota de programa vivida pela ótima Penélope Cruz, que apesar de ser espanhola, aqui fala italiano o tempo todo. Além disso, o desfecho, mesmo sendo bem louco, não deixa de ser engraçado e até um pouco surpreendente.

Por fim, o quarto e último conto narra a confusão mental pela qual um estudante de arquitetura americano chamado Jack passa quando ele começa a se apaixonar pela melhor amiga da sua namorada. Enquanto isso, um arquiteto experiente chamado John tenta lhe dar os melhores conselhos para evitar que ele cometa o grande erro de abandonar a sua namorada por Monica, a instável melhor amiga.

Esse é, de longe, o conto menos interessante. Apesar de ter bons momentos, como aquele em que Monica conta como foi a sua primeira transa com uma mulher, e ter uma sacada interessante já que ficamos na dúvida se John é a consciência de Jack ou vice-versa, esse é o trecho menos inspirado do longa, sendo, portanto, aquele mais escasso em risadas. Mesmo assim, o elenco está super bem, principalmente a dupla de arquitetos vivida por Jesse Eisenberg e Alec Baldwin.

Por ser uma antologia de contos, já era de se esperar que "Para Roma com Amor" não fosse perfeito, afinal sempre há um conto que se sobressai e outro que decepciona. Além disso, uns 15 minutos a menos fariam muito bem ao filme. Mesmo assim, esta primeira viagem de Woody Allen à Itália é tão boa quanto uma deliciosa macarronada.

NOTA: 3.5/5


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