Dir.: Jerusha Hess; Escrito por Jerusha Hess e Shannon Hale; Com Keri Russel, JJ Feild, Bret McKenzie, Jennifer Coolidge. 2013 (97 min. - 14 anos)
Junto de seu marido, Jared, Jerusha Hess co-escreveu um dos filmes independentes mais conhecidos deste início de século XXI, "Napoleon Dynamite". Depois do sucesso estrondoso dessa primeira parceria, o casal trabalhou em mais dois filmes: "Nacho Libre" e "Gentlemen Broncos - Cavalheiros Nada Gentis" - todos os três dirigidos por Jared. Entretanto, no Festival de Sundance desse ano, Jerusha lançou seu primeiro filme como diretora: "Austenland".
O filme possui uma premissa bastante inusitada. Jane é uma mulher de trinta e poucos anos que é bastante azarada no amor e que se sente muito mal por isso. O motivo para todo esse sofrimento é a sua fixação pela obra da escritora britânica Jane Austen, e por conseguinte, o seu enorme desejo de encontrar o seu Mr. Darcy - protagonista masculino de "Orgulho e Preconceito". Ao perceber que o tempo para realizar o seu grande sonho está cada vez mais perto de se esgotar, Jane resolve fazer uma loucura: pegar todas as suas economias e gastar em uma viagem a Austenland, um lugar nos arredores de Londres que recria com fidelidade a ambientação dos romances de Austen, e onde cada visitante encontra o seu Mr. Darcy no final da viagem. Em outras palavras, é o verdadeiro paraíso para as fãs da escritora.
Porém, ao chegar lá, Jane percebe que tudo é bastante diferente do que ela imaginou. Ela pagou pelo pacote básico, então, ao invés de dormir numa luxuosa suíte, ela se hospeda em um quarto da criadagem, o dia-a-dia das mulheres da Regência Britânica é um tédio sem fim, e por aí vai. Entretanto, tudo ganha novos ares quando ela se vê dividida entre um dos funcionários da propriedade e um dos Mr. Darcy contratados para agradá-la.
A grande questão aqui não é a originalidade, que é quase inexistente, tanto no enredo quanto na estética, mas sim o roteiro inteligente e divertido de Hess e Shannon Hale. Apesar de se assumir um "chick flick" desde o primeiro minuto, "Austenland" tem uma abundância sem fim de piadas, muitas vezes pastelão e outras vezes bem satíricas, que acabam divertindo tanto homens quanto mulheres. Para eles, há a paródia aos filmes baseados na obra de Austen, para elas, há a homenagem ao romantismo presente em cada uma das histórias da autora. Enfim, para os marmanjos odeio-comédia-romântica de plantão não há desculpa. Tanto não há que, atrás de mim no cinema, estava sentado um casal de idosos, e o homem fez muito mais questão de demonstrar sua satisfação com o filme do que sua companheira.
Outra cartada de mestre de Hess foi a escalação do elenco e a enorme competência deste. Keri Russel está ótima como a fã número um de Jane Austen. Na verdade, a atriz está tão simpática e engraçada que surpreende saber que, ainda hoje, a sua personagem mais famosa seja a Felicity da série homônima. Felizmente, ela parece estar sofrendo um renascimento em sua carreira, iniciado pela série "The Americans" e continuado por este filme. Como a grande amiga de Jane na viagem, Jennifer Coolidge interpreta a mesma personagem que ela sempre faz, porém, como ela é engraçada! A comediante sabe quais são os seus pontos fortes e faz um uso excepcional deles, sendo, junto com Russel, um dos pontos altos de "Austenland". Como os interesses românticos, Bret McKenzie e JJ Feild estão também de parabéns. O primeiro incorpora o jeito sacana e descompromissado de seu personagem, e o segundo parece retirado diretamente de um dos filmes baseados nos livros de Jane Austen, que é exatamente a intenção da diretora.
Sem medo de ser fofinho e feliz, "Austenland" é uma estreia promissora de Jerusha Hess na direção, e mesmo que não traga nada de novo ao gênero da comédia romântica, também não o deixa cair no marasmo pelo qual tem sido marcado nos últimos anos.
NOTA: 3.5/5
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