Dir.: Louis Leterrier; Escrito por Ed Solomon, Boaz Yakin e Edward Ricourt; Com Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Mélanie Laurent. 2013 - Paris Filmes (115 min. - 12 anos)
A temporada de filmes de verão nos EUA terminou há menos de um mês e, portanto, têm surgido listas e mais listas com os grandes vitoriosos e os grandes perdedores nas bilheterias no período entre o início de maio e o final de agosto, e algo unânime foi "Truque de Mestre" como o maior vencedor da temporada. Esperava-se do filme, orçado em US$ 75 milhões, uma trajetória de "midlevel hit", ou seja, não seria um grande sucesso (mais de US$ 100 milhões), mas também não seria um fracasso. Porém, não houve quem não se surpreendesse com a performance incrível do filme nas bilheterias, estreando melhor do que "Depois da Terra" (fracasso do antes imbatível Will Smith) e cruzando a marca dos US$ 100 milhões com relativa facilidade. Entretanto, depois de assistir ao filme, não é difícil de entender o porquê de seu sucesso: ele é divertidíssimo!
A premissa do filme é bastante simples: um grupo de quatro ilusionistas começa a fazer um enorme sucesso após iniciarem uma série de roubos que funcionam como o gran-finale de sua apresentação. Logicamente, as autoridades logo ficam sabendo da situação e põem lado a lado dois agentes, um do FBI e outra da Interpol, para irem atrás desses criminosos e, principalmente, entender os truques que eles usam em seus roubos.
Porém, se o pontapé inicial é simples, o enredo é bem embolado e, por vezes, até absurdo. Entretanto, a diferença de "Truque de Mestre" para outros filmes do gênero é que os seus realizadores têm noção da grande loucura que é narrativa e do quão ilógica ela é de vez em quando. Portanto, ao invés de levar tudo a sério, como se o longa fosse um thriller policial extremamente elaborado, o diretor Louis Leterrier resolveu investir num clima de filme "Tela Quente": elenco carismático + cenas de ação bem feitas = diversão garantida.
Falemos, então, do primeiro termo dessa equação: o elenco. Para conseguir tirar o melhor do roteiro falho, o diretor reuniu um elenco de respeito formado por todo tipo de atores, desde daqueles premiados até aqueles não muito conhecidos, mas em ascensão. Como os quatro ilusionistas, temos Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher e Dave Franco, todos os quatros interagindo muito bem entre si, exatamente como se eles se conhecessem há um bom tempo, sendo que os dois primeiros merecem uma menção especial, já que põem as suas características mais marcantes (o jeito rápido de falar e o timing cômico, respectivamente) a favor do longa. Há ainda em papéis secundários a presença mais do que bem-vinda de dois veteranos: Morgan Freeman, como um ex-mágico que ajuda os agentes a entenderem os truques utilizados nos roubos, e Michael Caine, como o empresário que financia o grupo de ilusionistas. Porém, o filme pertence mesmo à dupla de agentes, vivida por Mark Ruffalo e Mélanie Laurent. O destino dos dois personagens já é visível desde o primeiro momento em que os dois se encontram (sendo um dos poucos pontos fracos do filme), contudo a química entre os dois é excelente e ambos atuam muito bem, trazendo não só mais credibilidade ao projeto, mas também contribuindo para um maior envolvimento do espectador com a narrativa.
Quanto ao segundo termo da equação, as cenas de ação, essas são bastante eficientes e são também uma das grandes qualidades do filme. Leterrier, acostumado a esse gênero (ele realizou "O Incrível Hulk" e dois filmes da trilogia "Carga Explosiva"), constrói sequências de deixar qualquer um na ponta da cadeira, como as perseguições em Nova Orleans em pleno Mardi Gras (uma espécie de Carnaval da região) e nas ruas e avenidas de Nova York. Enfim, o diretor não deixa o filme ficar monótono em momento algum, mas também não o deixa ficar cansativo.
Inevitavelmente, uma continuação já está a caminho, coisa com a qual eu não concordo, mas mesmo assim, nada tira o mérito de "Truque de Mestre" ser um filme de ação descompromissado e genuinamente divertido, algo cada vez mais em falta nesses tempos de que a moda é fazer filme sério e sombrio.
NOTA: 4/5
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