quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bem-Vindo aos 40 (This is 40)


Dir.: Judd Apatow; Escrito por Judd Apatow; Com Paul Rudd, Leslie Mann, Albert Brooks, Megan Fox. 2012 - Universal (134 min. - 16 anos)


Há alguns anos atrás, Judd Apatow já era conhecido por ser o produtor de uma das séries mais elogiadas do final dos anos 90 e início dos anos 2000, "Freaks and Geeks", que foi cancelada depois de apenas 18 episódios, e por produzir muitas comédias que foram sucesso de bilheteria nos anos que se seguiram, como "O Âncora", "Superbad - É Hoje" e "Segurando as Pontas". Porém, em 2005, Apatow também ganhou fama como diretor com a comédia "O Virgem de 40 Anos" (até hoje, na minha opinião, o seu melhor filme), e que foi seguido por "Ligeiramente Grávidos" (seu maior sucesso de bilheteria) e "Tá Rindo do Quê?" (um filme simpático, mas que naufragou nas bilheterias). Três anos depois de seu terceiro longa, Apatow volta com uma nova comédia, a divertida, mas decepcionante, "Bem-Vindo aos 40".

Para tentar arrecadar mais dinheiro nas bilheterias, o diretor decidiu pôr como protagonistas Pete e Debbie, personagens vividos por Paul Rudd e Leslie Mann em "Ligeiramente Grávidos", que naquele filme, representavam a típica família de classe média alta norte-americana. Em "Bem-Vindo aos 40", o casal, ao passar por complicações financeiras e crises conjugais, passa a reavaliar o relacionamento deles até ali e como a fase dos "-enta" pode significar um novo começo para ambos, seja pelo lado bom ou pelo lado ruim.

Assim como em seus outros filmes, em "Bem-Vindo aos 40", Apatow faz uso de sua fama em Hollywood para conseguir formar um elenco de ótimos comediantes. Rudd e Mann são dois ótimos atores que não só têm uma química invejável juntos, mas que também conseguem transitar entre o drama e a comédia sem parecer algo forçado. Sem dúvida alguma, eles são realmente a alma do filme. Entretanto, Apatow, não se dando por satisfeito, chamou atores como Albert Brooks e John Lithgow, ambos ótimos, interpretando os pais dos protagonistas, Jason Segel, Chris O'Dowd, Megan Fox (numa das melhores performances de sua carreira) e até a nova sensação do momento, Melissa McCarthy, fazendo uma ponta como a gorda boca-suja que ela já se especializou em interpretar (mas pelos menos aqui ela está realmente divertida). E como prova maior de que o elenco é realmente muito bom, até as filhas de Apatow com Leslie Mann, Maude e Iris, se saem muito bem como as filhas do casal principal, tendo papéis bastante significativos dentro da trama.

Entretanto, nem tudo são flores, a começar pelo roteiro, que é uma bagunça. Em determinados momentos, o filme mostra cenas extremamente bem escritas, tanto pelo lado do drama quanto pelo da comédia, que mostram o que o filme poderia ter sido. Entre alguns exemplos dessas cenas estão a consulta de Debbie no ginecologista, quando descobre-se que ela põe uma idade diferente na ficha cada vez que vai lá, dando origem a uma hilária discussão sobre ela escolher uma única idade na hora de mentir; e quando Debbie resolve tirar satisfações com um menino que vive xingando a sua filha no Facebook, resultando em divertidas consequências. Porém, em outros trechos, Apatow deixa clara a sua origem no stand-up comedy, criando diálogos que mais parecem esquetes do que vida real, como a cena em que Pete e Debbie chegam à conclusão de que J.J. Abrams é o culpado pelo mal relacionamento deles com a filha mais velha, já que ela é viciada em "Lost", ou então, quando o ginecologista de Debbie compara um mioma à bola que corre atrás do Indiana Jones em "Caçadores da Arca Perdida". Em resumo, o filme alterna o tempo inteiro entre a comédia escrachada e exagerada do stand-up comedy e um humor mais pé-no-chão, mais próximo do dia-a-dia, nunca chegando a uma decisão.

Outro problema é a duração do longa: 134 minutos! Mesmo se fosse um filme bem melhor, dificilmente uma história como a de "Bem-Vindo aos 40" conseguiria se sustentar por tanto tempo. A causa dessa metragem excessiva é o número grande de personagens, muitos deles facilmente descartáveis, e cenas que não tem nada a dizer ou que, simplesmente, não contribuem para o andamento da trama. Consequentemente, o longa muitas vezes acaba mais parecendo um pastiche de situações do que uma história propriamente dita. Portanto, se o roteiro focasse apenas na narrativa central do longa, excluindo várias cenas e personagens, e com isso enxugando o longa em uns 20/30 minutos, "Bem-Vindo aos 40" poderia ter sido melhor, mais objetivo e menos cansativo.

Mesmo assim, apesar do roteiro falho e, por vezes, incoerente (se está com tanta dificuldade financeira, por que ao final do filme o casal organiza uma baita festa de 40 anos?) e da falta de controle de Apatow ao editar o filme, "Bem-Vindo aos 40" tem qualidades o suficiente para ser recomendado.

NOTA: 3/5


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