Dir.: Kathryn Bigelow; Escrito por Mark Boal; Com Jessica Chastain, Kyle Chandler, Jason Clarke, James Gandolfini. 2012 - Imagem (157 min. - 14 anos)
Parece ontem, mas acredite, já se fazem quase dois anos desde que os jornais do mundo inteiro noticiaram a morte de Osama Bin Laden em uma mansão no Paquistão. Quem não se lembra dos dias após o assassinato, em que os americanos saíram às ruas para comemorar, em que muitos, inclusive eu, suspeitaram da veracidade das informações dadas pelo governo dos EUA? Enfim, foi um daqueles períodos que quem viveu irá sempre lembrar.
Obviamente, Hollywood não perdeu a oportunidade de capitalizar em cima de um dos mais importantes acontecimentos da História mundial recente e logo chamou a recém-oscarizada por "Guerra ao Terror" Kathryn Bigelow para dirigir o filme e esta, consequentemente, convidou o roteirista de seu filme anterior, Mark Boal, para pesquisar e contar a história de como os EUA localizaram e mataram Osama Bin Laden. Daí nasceu "A Hora Mais Escura".
O filme abrange um período de dez anos, começando no ataque às Torres Gêmeas em setembro de 2001 (representado no filme pela ligação de uma das vítimas do atentado para o 911) e termina com o extermínio do inimigo nº 1 dos EUA na época. Levando o espectador aos bastidores desta longa caçada está Maya, a agente da CIA que passou uma década atrás de pistas que levassem ao principal mensageiro da Al-Qaeda e por tabela ao seu líder.
Ao longo de pouco mais de duas horas e meia, o filme apresenta cenas fortes como aquelas sequências polêmicas que exibem a tortura de prisioneiros pelos agentes da Agência de Inteligência Central ou o próprio clímax do filme. Entretanto, o filme não é tão violento quanto se espera; na realidade, o longa apresenta muito mais cenas de tensão do que de terrorismo ou assassinato. E por isso mesmo o filme consegue segurar a atenção do espectador.
Apesar de ser longo e, consequentemente, cansativo, "A Hora Mais Escura" tem tantas informações por minuto que eu, pelo menos, não me importava muito com quanto tempo faltava para o filme acabar. Pelo contrário, quanto mais coisas eram reveladas, mais eu me interessava pelo filme. Nesse sentido, tanto a direção firme de Bigelow quanto o roteiro quase jornalístico de Boal estão de parabéns.
Falando nisso, Boal acerta também ao optar por não dar muitas informações sobre a vida pessoal de Maya, pois muitas vezes vemos thrillers políticos se prejudicarem por acabarem dando mais espaço do que deviam para os dramas familiares e os namoricos dos protagonistas. Aqui, a personagem principal é uma agente da CIA e ponto.
Por sinal, tenho ouvido muitas reclamações sobre a atuação de Jessica Chastain, dizendo que ela está muito fria. Tenho que admitir que já vi performances melhores dela como em "Histórias Cruzadas" e até como a mãe em "A Árvore da Vida" (no qual ela era um dos poucos motivos para assistir ao filme), mas também não posso dizer que o desempenho dela é fraco. No início ela realmente está mais contida e fria, mas quanto mais perto da conclusão do filme, melhor ela fica.
Talvez uma das poucas críticas que se tenha a fazer do filme seja a edição da cena principal do filme: a invasão ao esconderijo de Bin Laden. Apesar do Oscar do filme ser merecido, pois como um todo ele é muito bem cortado, neste momento em particular eu achei que a edição deixou a desejar. Em certos trechos é inevitável uma certa confusão sobre onde está quem.
"A Hora Mais Escura" é comprido (e se sente a sua duração) e demanda a atenção máxima do espectador o tempo todo, mesmo assim é um ótimo exemplo de filme-jornalismo.
NOTA: 3.5/5
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