domingo, 23 de setembro de 2012

Intocáveis (Intouchables)


Dir.: Olivier Nakache e Eric Toledano; Escrito por Olivier Nakache e Eric Toledano; Com François Cluzet, Omar Sy, Anne Le Ny. 2011 - Califórnia (112 min. - 14 anos)


Há pouco menos de uma semana foi anunciada pelo Centro Nacional do Cinema e da Imagem Animada da França a escolha do filme que vai representar o país na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro: "Intocáveis" dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano. Não é por nada, uma vez que o filme não só foi bem recebido pela crítica francesa e internacional, como também vem tendo uma extraordinária jornada pelos cinemas de todo mundo, tanto que se tornou há pouco o filme francês de maior arrecadação fora da França, ultrapassando "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" de Jean-Pierre Jeunet. Além disso, em seu país de origem, é o segundo filme nacional mais visto, perdendo apenas para "A Riviera não é Aqui" de Dany Boon. No Brasil não é diferente, já que aqui o filme já ultrapassou a marca dos 200 mil espectadores - ótimo número para um filme europeu.

Entretanto, não precisa ser um gênio para entender o porquê de um filme como "Intocáveis" fazer tanto sucesso. Ele é engraçado, emocionante, universal, atemporal... Enfim, é um filme com o qual qualquer um de nós pode se identificar, pois trata de seres humanos e não de meros robôs sem expressão ou personalidade.

O filme conta a história de Driss, um habitante da periferia de Paris que não tem nenhum rumo na vida. Na verdade, o seu maior objetivo é receber todo mês o seu seguro-desemprego e ficar até altas horas da madrugada bebendo e fumando com os amigos. Entretanto tudo muda quando ele é contratado por um empresário milionário tetraplégico para ser o seu "enfermeiro". É claro que de início Driss não gosta nada disso, porém com o tempo, ele e seu patrão, Phillipe (o deficiente), ficam próximos um do outro e desenvolvem uma grande amizade.

Só pela sinopse já deu para perceber que "Intocáveis" tem a história mais batida de todas: aquela em que os dois opostos se atraem (no caso, o pobre e o rico que se tornam amigos). Entretanto, o que poderia ter sido apenas mais um filme meloso é na verdade uma ótima comédia, graças ao seu elenco incrivelmente carismático, principalmente a dupla de protagonistas, François Cluzet e Omar Sy. 

Quando juntos em cena, Cluzet e Sy proporcionam ótimos momentos tanto cômicos como dramáticos, que focam, geralmente, nas diferenças sociais entre os dois personagens. Uma das melhores cenas do filme é uma em que Phillipe pede para uma pequena orquestra tocar diversos clássicos da música erudita numa forma de criar uma curiosidade de Driss pelos grandes compositores. O máximo que ele consegue é ligar as músicas a comerciais e a centrais de telemarketing.

Outro ponto positivo do filme é o roteiro, escrito pelos dois diretores, que não tem medo de brincar com o politicamente incorreto. Diversas cenas fazem piada com a condição de Phillipe, entretanto nenhuma delas tem o propósito de ofender, o que diferencia esse filme de outros com o mesmo tipo de humor, mas que infelizmente ao invés de divertir apenas provocam protestos e situações desagradáveis.

No final das contas, "Intocáveis" está longe de ser um filme original, tanto que muitos vão chamá-lo de bobinho, tolo e até de americanizado. Entretanto consegue formar uma identidade própria a partir de seu roteiro inteligente, mas acessível, e de seu elenco de primeira linha.


NOTA: 4/5



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