terça-feira, 4 de setembro de 2012

Margaret (Margaret)


Dir.: Kenneth Lonergan; Escrito por Kenneth Lonergan; Com Anna Paquin, J. Smith-Cameron, Jeannie Berlin, Jean Reno, Matthew Broderick, Matt Damon, Mark Ruffalo. 2011 - Fox (150 min.)


Há várias maneiras de alimentar uma curiosidade por um filme. Pode ser um trailer eficiente, um elenco incrível, um renomado diretor, uma intrigante premissa ou até uma grande polêmica. Este último é o caso de como eu criei uma certa atração por "Margaret", do diretor Kenneth Lonergan.

Esse filme, apesar de ter um elenco recheado de caras conhecidas como Anna Paquin, Jean Reno, Matthew Broderick e Matt Damon por pouco não é lançado, pelo simples fato do  diretor nunca conseguir finalizá-lo. Filmado ao longo de três meses em 2005, "Margaret" passou anos e anos sendo editado e re-editado, gerando uma longa novela que chegou à elaboração de dois processos judiciais e ao envolvimento de Martin Scorsese - que junto de sua editora de longa data, Thelma Schoonmaker, tentou montar uma versão final do longa que agradasse ao diretor e ao estúdio - e dos produtores Scott Rudin, Sidney Pollack e Anthony Minghella, sendo que os dois últimos morreram antes do filme ser finalmente lançado.

No final das contas, "Margaret" estreou em 2011, seis anos após o fim das filmagens, tendo uma quase nula campanha de divulgação e recebendo opiniões divergentes dos críticos especializados. Mas, enfim, "Margaret" vale esse drama todo? Não, mas nem por isso deixa de ser um bom filme.

O longa acompanha o drama de uma adolescente de 17 anos chamada Lisa, que após presenciar o terrível atropelamento de uma mulher por um ônibus, passa a se sentir culpada pelo ocorrido, já que ela foi a responsável pela distração do motorista no momento do acidente. Daí, ela inicia uma busca por justiça para, enfim, ficar com a consciência limpa.

Entretanto, essa é apenas a espinha dorsal do filme, já que várias outras tramas envolvendo Lisa se desenrolam ao longo de seus 150 minutos de duração, incluindo a relação entre a jovem e sua mãe atriz, o seu envolvimento com o professor de Geometria e perda da sua virgindade com um garoto já comprometido.

A maior razão para se assistir a "Margaret", porém, nem é toda a polêmica envolvendo a pós-produção do filme, mas sim a incrível performance de Anna Paquin. Apesar de ser um pouco velha demais para o papel de Lisa, afinal ela já tinha 24 anos durante as filmagens, é ela quem consegue sustentar todas as histórias ao seu redor, algo bastante difícil, uma vez que ela interage com diversos atores diferentes em diversas tramas diferentes. Não é por nada que ela ganhou o seu primeiro Oscar como atriz coadjuvante aos 11 anos de idade pelo filme "O Piano" como também ainda é o principal (se não o único) motivo para ainda se assistir a "True Blood" da HBO.

Outros pontos altos do filme são as atuações de outras duas atrizes, não muito conhecidas, mas de extrema importância na trama do longa. A primeira delas, J. Smith-Cameron, vive Joan, a mãe da protagonista. Paquin e Cameron possuem ótimas cenas juntas, nas quais as duas têm chance de mostrar todo o seu potencial dramático, tanto em cenas tristes (como as brigas entre as personagens) como também em momentos felizes (como a sequência que fecha o filme). A outra atriz é Jeannie Berlin, que vive Emily, a melhor amiga de Monica, vítima do acidente que dá o pontapé inicial no filme. Indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante em 1972 por "The Heartbreak Kid", Berlin é outra que tem grandes momentos com Paquin, principalmente numa discussão entre as duas sobre a morte de Monica, gerando um desentendimento entre elas.

Entretanto, o filme tem seus problemas. O principal deles é exatamente a união de todas essas histórias durante o tempo de duração do filme. Como são várias, muitas delas são pouco exploradas ou simplesmente desaparecem. Um exemplo disso é uma trama envolvendo a paixonite de um nerd por Lisa. No início do filme, ela ganha bastante atenção, porém com o desenrolar do filme, ela literalmente some. 

Isso sem contar as inúmeras cenas em que Lisa e seus colegas de turma debatem assuntos como a qualidade dos presidentes norte-americanos ou o terrorismo. Apesar de algumas dessas cenas serem interessantes e ajudarem a construir o caráter da protagonista, elas são muitas e não tão importantes à história em si.

Longo, bagunçado, imperfeito, mas também envolvente, emocionante e bem-feito, seja na direção, nas atuações ou na construção dos diálogos, "Margaret" demorou para ver a luz de um projetor, mas quando a viu conseguiu cumprir o seu papel.


NOTA: 3.5/5


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