Dir.: Afonso Poyart; Escrito por Afonso Poyart; Com Fernando Alves Pinto, Caco Ciocler, Alessandra Negrini. 2012 - Imagem (108 min.)
"2 Coelhos" merece o mérito de querer trazer algo novo para o cinema nacional. O longa do roteirista e diretor Afonso Poyart mistura animação com CGI e live-action e têm um roteiro remanescente de "Pulp Fiction" e "Kill Bill", ambos de Quentin Tarantino, no qual o início, o meio e o fim do filme se entrelaçam, fazendo com que tudo se esclareça apenas ao final da sessão, e é por isso, por ser tão ambicioso, que a decepção com "2 Coelhos" é tão grande quando se vê o quão fraco é o filme em si.
Apesar de ser bem-feito e ter atuações competentes, o longa têm erros grotescos. O primeiro deles é o comprometimento que o roteiro tem em fazer de Edgar, o protagonista, um herói. Porém, apesar de ter um objetivo que à primeira vista é notável (acabar com os criminosos e os políticos corruptos através do roubo do que eles mais querem: dinheiro), Edgar se junta com bandidos pra roubar o dinheiro dos outros bandidos, fazendo com que ele fique tão sujo na rodinha quanto os outros. Mas o espectador pode pensar que ele esteja fazendo tudo isso com o mesmo objetivo de um Robin Hood: roubar dos ricos para dar aos pobres, mas nem isso. Ele quer roubar o dinheiro para depois fugir com tudo. Que herói é esse?
Outra barbaridade do roteiro envolve um tiroteio no qual um ex-professor de universidade, agora barman, vivido por Caco Ciocler, consegue atirar tão bem, ou até melhor, do que os bandidos. Sendo que em nenhum momento o filme fala que ele sabia atirar ou coisa parecida.
E por fim, aquela coisa que só acontece em filme: que bandido aparentemente esperto, como Máicon, o vilão do filme, combina um encontro em pleno estacionamento do Pacaembu para fazer uma troca com Edgar, sendo parte da troca um homem ferido e à beira da morte? Ok que o estacionamento estava vazio, mas ninguém notou nada de estranho naquele grupo? Afinal a área ao redor do Pacaembu é bem movimentada.
Enfim, "2 Coelhos", assim como o seu protagonista quer matar dois coelhos com uma cajadada só: ser filme de ação e filme-denúncia. Só que como filme de ação, ele não empolga, e como filme-denúncia, tudo é tão exagerado que não parece crível, não causando, portanto, indignação alguma.
Chega-se então à seguinte conclusão: Afonso Poyart quer se tornar o Guy Richie/Zack Snyder brasileiro (e quem sabe um dia isso pode acontecer?), só que não é com "2 Coelhos" que ele vai atingir esse objetivo.
NOTA: 2/5
Nenhum comentário:
Postar um comentário