sexta-feira, 18 de maio de 2012

Paraísos Artificiais


Dir.: Marcos Prado; Escrito por Marcos Prado e Cristiano Gualda; Com Nathalia Dill, Luca Bianchi, Lívia de Bueno. 2012 - Nossa Distribuidora (96 min.)


"Paraísos Artificiais" começa com a imagem de um emaranhado de arame farpado sobre os muros de uma penitenciária. Do lado de fora, uma mulher espera alguém enquanto fuma um cigarro. Sai, então, pelos portões da prisão um jovem mal-tratado. Ele e a mulher se abraçam. São mãe e filho. Já em casa, ficamos sabendo que o jovem tem um irmão mais novo e que este está envolvido com as drogas, as mesmas que levaram o jovem para o cárcere.

Só com esta pequena descrição já dá para perceber que "Paraísos Artificiais" começa com potencial. Sim, a história já é meio batida, mas ainda assim interessa, provoca curiosidade. Entretanto, os problemas do filme, dirigido por Marcos Prado, começam quando esta história, que poderia ser tão interessante, é substituída por outra que não tem o mesmo apelo.

Esta outra história é a remontagem dos acontecimentos que levaram Nando, o jovem recém saído da prisão, a se envolver com o mundo das drogas. A historia, então, é contada fora de ordem cronológica em três lugares diferentes: Rio de Janeiro, Amsterdã e numa praia do nordeste do Brasil. Além disso, novos personagens ganham espaço, Patrick, o melhor amigo de Nando, Érika, uma DJ de carreira promissora e Lara, a grande amiga/companheira de Érika.

Até aí tudo bem, dá para aceitar, entretanto o x da questão não é bem esse. A grande falha de "Paraísos Artificiais" é que esta história, que, como já disse, não tem o mesmo apelo que a outra, é esticada até não poder mais. Consequentemente, criam-se "barrigas" no filme, isto é, momentos em que a narrativa empaca e não consegue ir a lugar algum. Exemplo claro disso são as diversas cenas (longas) de sexo no meio do longa. Todas são parecidas e lentas, apenas emburrecendo o espectador. Mas como se já não fosse o bastante, entre essas cenas de sexo há outras cenas intermináveis de "viagens" a base de drogas. Seja ecstasy, cocaína, ou até um tal de peiote, os personagens vivem doidões, e mesmo que certas cenas sejam importantes para a construção destes, há tantas que dada uma certa hora eu já não aguentava mais ver todo mundo em câmera lenta, com cara se sono ou eletrificado, dançando que nem loucos numa rave.

A minha sugestão é que as duas historias - o passado de Nando e o envolvimento de seu irmão com as drogas - poderiam ter sido contadas simultaneamente. Assim, nenhuma delas correria o risco de se alongar demais e o filme ficaria mais dinâmico.

Felizmente, o longa tem as suas qualidades. O grupo de protagonistas, principalmente Luca Bianchi e Nathalia Dill (Nando e Érika, respectivamente), se sai muito bem em suas performances, captando o espírito do jovem de querer fazer algo de especial, mas que acaba se decepcionando com a vida e que, em alguns casos, faz das drogas uma espécie de remédio para as suas frustrações.

Outro elogio a ser feito ao filme é o quão bonitas são a sua fotografia e sua direção de arte. Sejam as praias do nordeste brasileiro ou as ruas de Amsterdã, Lula Carvalho, o diretor de fotografia, consegue dar ao filme um ar mais sofisticado, fugindo da praga que vem assolando os filmes nacionais: a cara de produção barata. Enquanto isso, as tendas da rave frequentada pelos protagonistas também são muito bonitas e combinam perfeitamente com a natureza da Zona da Mata.

Enfim, quanto ao elenco e às questões técnicas, "Paraísos Artificiais" está de parabéns, mas quanto à narrativa, poderia ter sido muito melhor.

NOTA: 2.5/5






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