Dir.: Tarsem Singh; Escrito por Jason Keller e Marc Klein; Com Julia Roberts, Armie Hammer, Lily Collins, Nathan Lane. 2012 - Imagem (106 min. - Livre)
Todo conto de fadas que se preze começa com a expressão "era uma vez" e com um prólogo da história que se verá a seguir, e por ser uma adaptação de um dos contos de fadas mais famosos, o da Branca de Neve, "Espelho, Espelho Meu" começa exatamente deste jeito.
A diferença é que quem narra a história é a madrasta malvada, portanto, não é de se espantar quando há um comentário negativo contra a mocinha da história, sobre como ela é feia e chata, principalmente. Dessa forma, temos, então, uma amostra do filme que apenas se inicia: fofinho (o prólogo é todo contado através de uma animação), irônico, visualmente espetacular e por que não divertido?
No longa, Branca de Neve é uma menina que vive trancada numa torre depois que a sua madrasta torna-se a rainha do reino onde vive (claro, sem não se casar e eventualmente matar o rei bonzinho, pai de Branca). O problema é que a madrasta não só é inescrupulosa como também é péssima em cuidar de suas finanças, portanto o reino que governa está falido. Para reerguer, então, o reino ela precisa se casar com alguém bem rico, e esse alguém encontra-se na figura do príncipe Alcott, um jovem bonitão e valente. Só que tudo se enrola quando o príncipe conhece a Branca de Neve e, obviamente, se apaixona perdidamente por ela.
Sabendo disso, e que Branca havia escapado do palácio, vendo toda a miséria em que o reino se encontrava, a rainha resolve mandar matar a menina, e para isso encarrega o seu empregado Brighton. Só que Brighton não mata Branca, mas pelo contrário manda ela fugir e nisso ela encontra os sete anões, os ladrões da floresta. E daí eu não posso contar mais nada além de que Branca e os anões vão lutar para derrubar a rainha do trono e acabar com a miséria do povo.
Enfim, já deu para entender que "Espelho, Espelho Meu" é aquele tipo de filme feito especialmente para as crianças. Não faltam cenas de pura comédia pastelão, personagens caricaturais e figurinos e cenários bastante coloridos e exagerados. A diferença é que ele consegue entreter também os maiores.
O primeiro motivo é a ironia presente em toda a história, principalmente nas falas da madrasta. Quando logo no início, ela diz que quando todos do reino eram felizes eles passavam o dia inteiro dançando e cantando, ela logo critica isso dizendo que parecia que ninguém trabalhava. Outro momento ótimo é quando a madrasta está se preparando para um baile e resolve se submeter a diversos tratamentos estéticos como máscara de cocô de pássaro, "preenchimento" por picada de abelha, depilação por escorpião etc. A cena é tão absurda, mas ao mesmo tempo tão próxima da realidade que causa graça.
Outro ponto positivo são as batalhas de espadas ao longo do filme. Elas são bastante dinâmicas e criativas. As sequências em que os anões usam pernas de pau para lutar contra os guardas da rainha ou para realizar os seus roubos são extremamente divertidas, assim como o momento em que mariontes gigantes atacam a casa dos anões, que também é muito interessante.
Dirigido por Tarsem Singh, que havia dirigido o violentíssimo "Imortais" em 2011 (quanta diferença, não?), "Espelho, Espelho Meu" traz a sua marca registrada: o deslumbre visual. Os cenários são todos grandiosos e luxuosos e o figurino, desenhado pela falecida Eiko Ishioka (que, por sinal, era uma colaboradora frequente de Singh, desenhando as vestimentas de seus três filmes anteriores - "A Cela", "Dublê de Anjo" e "Imortais") é belíssimo e absurdo na medida certa.
A trilha sonora também é de um mestre dos filmes infantis: Alan Menkel. Compositor das trilhas de clássicos da Disney como "Aladin", "Hércules", "A Bela e a Fera", "O Corcunda de Notre Dame" e "Pocahontas", assim como dos recentes "Encantada" e "Enrolados", Menkel não faz uma trilha memorável aqui (até porque o seu forte, que são as canções, não estão presentes aqui), mas consegue imprimir o clima certo à fita.
Enfim, uns vão achar "Espelho, Espelho Meu" insuportável, mas outros vão entrar na brincadeira e se divertir bastante como eu. Para lhe dar uma noção, eu achei este trabalho de Tarsem Singh muito mais divertido e interessante que "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton, que tornou-se, mesmo que involuntariamente, o modelo para as adaptações cinematográficas dos contos infantis.
P.S.: Eu não vou comentar sobre as atuações porque eu vi o filme na versão dublada, então não dá pra ter uma ideia total do desempenho dos atores em seus papeis, mas devo dizer que todos foram muito bem escolhidos. Julia Roberts como a Rainha Má, Lily Collins como Branca de Neve, Armie Hammer como Príncipe Alcott e Nathan Lane como Brighton se encaixam muito bem em seus personagens.
NOTA: 3.5/5
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