Dir.: Michel Hazanavicius; Escrito por Michel Hazanavicius; Com Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman. 2011 - Paris Filmes (100 min. - 12 anos)
Para ser sincero, não achei "O Artista" tudo isso que dizem por aí, mas mesmo assim é um filme muito bom, simpático, agradável e que merece ser visto, principalmente porque, apesar de não ser inovador (afinal ele apenas retoma algo que era feito há 80 anos atrás), ele é diferente de tudo que está sendo exibido nos cinemas atualmente.
Mudo e em preto e branco, o filme do francês Michel Hazanavicius conta a história de George Valentin, um astro do cinema mudo que entra em decadência quando o som chega aos filmes. Com isso, quem se torna a nova estrela do momento é Peppy Miller, atriz revelada por Valentin, na época em que ainda fazia sucesso.
Só com essa sinopse já dá para perceber que o filme não tem uma história muito original, mas nem por isso o longa não possui cenas muito interessantes. Uma delas é um pesadelo de Valentin que é basicamente uma ideia simples muito bem aproveitada. Além disso, a cena final também é bem divertida e até surpreendente. Porém, grande parte do sucesso de "O Artista" é mérito do elenco, principalmente os protagonistas Jean Dujardin e Bérénice Bejo e o cachorrinho Uggie. Se no início do filme o dever de Dujardin é só imitar o jeito de atuar da época do cinema mudo, a partir do momento em que seu personagem entra em desgraça, o ator mostra o porquê de todo o reconhecimento que ele vem ganhando. Afinal, se passar o drama de alguém através das palavras já é difícil, imagina usando apenas os gestos e as expressões faciais.
Falando em Dujardin, o cão de seu personagem, interpretado por Uggie, é uma das maiores qualidades do filme. A química que ele e Dujardin possuem é incrível e rende ótimos momentos no filme.
Mas, na minha opinião, quem merecia mais reconhecimento é Bérénice Bejo. Apesar de ter sido indicada ao Oscar, Bejo não vem sendo tão comentada quanto Dujardin, mesmo que dê uma ótima performance e traga profundidade a uma personagem que poderia ter sido bem rasa. Para mim, apesar de Dujardin ser a estrela do filme, quem rouba a cena é a adorável Bejo.
Falando no elenco, não se surpreenda se você vir atores hollywoodianos do cacife de John Goodman e Malcolm McDowell no filme. SÃO ELES MESMOS!
Outro ponto importantíssimo do filme é a trilha sonora, principalmente num filme mudo. A trilha de Ludovic Bource é boa, mas acho que ela só mostra mesmo a que veio no ato final do filme, quando ela fica bem trágica e traz mais impacto às cenas. Enfim, acho que não seja a melhor entre as indicadas ao Oscar (para mim, a de Alberto Iglesias para "O Espião que Sabia Demais" é melhor).
Falando agora do roteiro, apesar de ser bem genérico, o texto do diretor Hazanavicius trata de questões manjadas (afinal a decadência de grandes estrelas já é discutida há muito tempo no cinema, vide "Crepúsculo dos Deuses" de Billy Wilder), mas de forma bastante interessante. O esquecimento que Valentin sofre com o fim do cinema mudo nos faz lembrar do caso de Anita Ekberg, musa de Fellini em "A Doce Vida". Aos 80 anos, presa a uma cadeira de rodas e vivendo num asilo, Anita teve que pedir ajuda financeira à fundação criada em homenagem à Fellini para que pudesse sobreviver. Outro exemplo é o do pioneiro do cinema Geórges Meliés, que apesar de ter revolucionado a sétima arte, morreu pobre e esquecido pelo público, sendo redescoberto apenas com o tempo.
Indicado a 10 Oscars - filme, diretor, ator (Dujardin), atriz coadjuvante (Bejo), roteiro original, trilha sonora, edição, figurino, direção de arte e fotografia - , "O Artista" é o favorito a ganhar o grande prêmio no dia 26 de fevereiro.
Mas apesar de não ser meu filme favorito entre os indicados, devo admitir que "O Artista" é um filme bonito, simpático, e porque não, corajoso?
NOTA: 3.5/5
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