quarta-feira, 9 de maio de 2012

Histórias Cruzadas (The Help)


Dir.: Tate Taylor; Escrito por Tate Taylor; Com Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain. 2011 - Disney (146 min. - 12 anos)

Realmente, "Histórias Cruzadas" tinha uma difícil missão a cumprir: fazer um bom "feel good movie", mas que ao mesmo tempo denunciasse algo vergonhoso como a onda de racismo que pairava (e paira até hoje, mesmo que em bem menos intensidade) no sul dos EUA.

Felizmente, a missão foi muito bem cumprida. Mesmo que o longa do diretor Tate Taylor seja bem longo (146 minutos, para ser mais exato), ele consegue ser emocionante, divertido, informativo e envolvente na medida certa.

Grande parte disso deve-se aos personagens interessantes. Seja a revolucionária Skeeter, a amargurada Aibileen, a espevetida Minnie, a deliciosamente adorável Celia, a doente sra. Pheelan (mãe de Skeeter) ou a "jacaroa" do Mississipi Hilly e sua mãe meio caduca, todas as mulheres deste filme têm algo a dizer, seja para o bem ou para o mal.

E o que seriam dessas personagens sem as suas intérpretes? Emma Stone traz a vontade de mudança no coração de Skeeter para a fora, para todo mundo ver; Viola Davis (com grandes chances de levar o Oscar de melhor atriz deste ano) faz você se emocionar junto com Aibileen, mas ao mesmo tempo ver uma luz no fim do túnel; com Octavia Spencer (provável ganhadora do Oscar de atriz coadjuvante - merecidíssimo!) como Minnie nós vemos a tristeza e a alegria na vida das empregadas negras; Jessica Chastain (a mãe de "A Árvore da Vida" num papel totalmente diferente, mostrando sua versatilidade. Também foi merecidamente indicada ao Oscar de atriz coadjuvante) faz de Celia - a patroa branca que cria uma grande amizade com Minnie, sua empregada - a personagem mais simpática do ano; Allison Janney como a sra. Pheelan faz sentirmos afeição por uma mulher que não sabe se apoia a causa de sua filha ou se continua presa às convenções sociais dos anos 60; Sissy Spacek nos faz rir e nos emocionar como Missus Walters, a mãe da grande vilã do filme, Hilly Holbrook, detestável (isso é um elogio!) na pele de Bryce Dallas Howard.

Como se o ótimo elenco já não fosse o suficiente, o longa traz uma história básica e previsível, mas que é incrivelmente agradável e bonita, mesmo que trate de um assunto tão feio. A união entre Skeeter e as empregadas é crível e traz muitos dos ótimos momentos do filme, principalmente quando Minnie conta uma história hilária envolvendo uma torta de chocolate.

Outro acerto da história é a escolha de não demonizar os brancos ou endeusar os negros, mas sim mostrar a humanidade (ou a falta dela, no caso de Hilly) em cada uma das pessoas envolvidas naquela realidade, suas angústias, seus medos, seus desejos etc.

Enfim, "Histórias Cruzadas" é um ótimo filme com pouquíssimos erros (a única coisa que me incomodou foi o caso amoroso de Skeeter que me pareceu desnecessário à história) e que merece e deve ser visto, não só por ser um grande filme, mas também por tratar de um assunto importante não só nos EUA, mas em todo o mundo: o racismo.

Indicado a quatro Oscars - melhor filme, atriz e atriz coadjuvante (duas vezes!) - "Histórias Cruzadas" é, na minha opinião, até agora, o melhor da lista de filmes indicados ao "careca dourado". "O Artista", "O Homem que Mudou o Jogo", "A Invenção de Hugo Cabret" e "Tão Forte e Tão Perto" joguem suas cartas, pois superar o filme das empregadas domésticas do Mississipi vai ser difícil.

NOTA: 4.5/5


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