Dir.: Joss Whedon; Escrito por Joss Whedon; Com Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Chris Evans, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Mark Ruffalo, Samuel L. Jackson. 2012 - Disney (143 min. - 12 anos)
"Os Vingadores - The Avengers" poderia ter sido um desastre de proporções épicas. Nunca na história do cinema juntaram tantos personagens importantes e tantas histórias diferentes num mesmo filme deste calibre. Ainda assim, sempre que tentavam, dava errado. Não é preciso ir longe, ainda no mundo nos filmes baseados em HQs, "Homem-Aranha 3" de 2007 abriu e fechou diversas tramas, trouxe novos personagens e fez o aracnídeo enfrentar três vilões diferentes. O resultado não foi nada encorajador: apesar de ter sido um sucesso de bilheteria, ainda é o longa menos querido da trilogia como também foi o grande responsável pela saída de muitos envolvidos (incluindo o elenco e o diretor Sam Raimi) de um projeto para um quarto filme do herói. Não é à toa que será lançado este ano um "reboot" (recomeço) da série, "O Espetacular Homem-Aranha", com equipe totalmente nova.
Enfim, voltando a "Os Vingadores", a união de seis heróis num único filme poderia ter sido a verdadeira sentença de morte do projeto. Felizmente, o longa está longe de ser a bagunça que poderia ter sido ou até mesmo de ser um "Homem de Ferro e Amigos", como passou a impressão aquele primeiro teaser no fim de "Capitão América - O Primeiro Vingador".
Eu diria que o principal motivo disso nem está no filme em si, mas em todo o esquema montado pela Marvel para promover "Os Vingadores". Desde que a Marvel passou a produzir as adaptações de seus personagens para as telas (apenas com exceção de alguns personagens como "Quarteto Fantástico", "X-Men" e o já citado "Homem-Aranha"), ela iniciou a criação de elos que ligavam diversos heróis a uma mesma história.
O primeiro filme a fazer isso foi "Homem de Ferro" com aquela icônica cena pós-créditos na qual Nick Fury aparece na casa de Tony Stark e lhe fala sobre o Projeto Vingadores. A partir daí, outros personagens da Fábrica de Sonhos foram apresentados: Hulk (que já havia tido uma incursão cinematográfica frustrada em 2003, nas mãos do diretor Ang Lee), Viúva Negra (em "Homem de Ferro 2"), Thor e Capitão América: todos os filmes com alguma ligação entre si.
Mas, afinal, como isso beneficiou "Os Vingadores"? Simples, as apresentações já haviam sido feitas. Dessa forma, o roteirista e diretor Joss Whedon não precisava perder tempo apresentando todos os personagens e todos os artefatos citados no filme. O espectador só precisa juntar todas as informações coletadas nos filmes individuais dos personagens. Isto contribuiu, então, para que o filme fosse diretamente ao que interessa: a história e as cenas de ação.
Outro acerto também não é do filme exatamente, mas da Marvel Studios. A escolha de Joss Whedon para dirigir "Os Vingadores". Whedon é simplesmente um enorme conhecedor do mundo dos quadrinhos. Um exemplo disso é que ele escreveu uma série de histórias para a Marvel, incluindo uma linha de revistas chamada "Astonishing X-Men", de extremo sucesso. Mas não só Whedon tem conhecimento "quadrinístico" como também tem experiência com cinema e televisão. Para a televisão, ele criou grandes êxitos como "Buffy, a Caça-Vampiros" (um dos maiores prazeres culposos da televisão dos anos 1990) e seu spin-off "Angel", como também séries fracassadas, mas de extremo apelo cult como "Firefly" e "Dollhouse". Já para o cinema, havia dirigido o filme "Serenity - A Luta Pelo Amanhã", baseado em uma de suas séries, a já citada "Firefly". Resumindo, ele era a pessoa perfeita para agradar tanto aos fãs dos quadrinhos quanto aos executivos do estúdio e plateias cujo conhecimento de HQs é proveniente dos filmes da Marvel.
Mas talvez o maior acerto seja, sim, do filme. “Os Vingadores” é simplesmente divertidíssimo! As cenas de ação são incríveis e extremamente bem elaboradas. O filme também flerta bastante com o humor, assim como muitos filmes de super-herói. A diferença é que aqui as piadas realmente funcionam, desde aquelas meramente físicas até algumas mais inteligentes.
O elenco também está de parabéns. Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Jeremy Renner e Samuel L. Jackson se encaixam muito bem em seus respectivos papéis (mesmo que eu esperasse a qualquer momento que Jackson fosse gritar uma frase do nível de “i’ve had it with these motherfucking snakes in this motherfucking plane”, mas, infelizmente, não tive este prazer).
Entretanto, quem me surpreendeu foi Tom Hiddleston. Não que eu não soubesse que ele era um bom ator, mas é que em “Os Vingadores” foi onde pudemos ver até onde ele poderia chegar com Loki, o irmão escroque do Thor. Aqui, Hiddleston imprime ao personagem uma ótima mistura de perversidade e ironia, que, ouso dizer, não vejo desde o Coringa de Heath Ledger em “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Num momento, Loki é extremamente sádico, enquanto no outro ele quer apenas tirar sarro de todo mundo. Mas enquanto o Coringa de Heath Ledger era essa mistura numa versão mais pesada, obscura, em “Os Vingadores” essa mistura é mais leve, mas ainda assim poderosa.
Mesmo assim, nem tudo é perfeito. “Os Vingadores” possui algumas falhas, mas nenhuma especialmente grave. Eu diria que a única que tem poder prejudicial é exatamente o fato de depender muito dos outros filmes da Marvel, então uma dica é tentar assistir a esses filmes antes de assistir a “Os Vingadores”.
De resto, nada a reclamar. “Os Vingadores” é sim o filme pelo qual todos estavam esperando e é até o momento um dos melhores filmes do ano.
NOTA: 4.5/5
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