quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Separação (Jodaeiye Nader az Simin)


Dir.: Asghar Farhadi; Escrito por Asghar Farhadi; Com Peyman Moadi, Leila Hatami. 2011 - Imovision (123 min. - 12 anos)

Por ser um grande inimigo não só dos EUA, mas do dito mundo ocidental como um todo, muitas vezes esquecemos que os habitantes do Irã são pessoas assim como nós: que riem, choram, passam por problemas, enfim, vivem. Por isso, é tão importante que filmes como "A Separação" ganhem grande atenção da mídia, para mostrar que os iranianos em seu dia-a-dia são tão humanos quantos os ocidentais.

Logo na primeira cena do filme de Asghar Farhadi já ficamos sabendo da história do filme: um casal busca o divórcio, pois "ela" quer ir junto com a filha para o exterior, buscando um futuro melhor para sua herdeira, já "ele" quer ficar no Irã para poder cuidar de seu pai que sofre de Alzheimer. Mas engana-se quem pensa que a história de "A Separação" resume-se apenas ao divórcio do casal. O buraco é mais embaixo.

Quando Simin ("ela") vai viver com sua mãe, Nader ("ele") contrata uma enfermeira para cuidar de seu pai, já que ele passa o dia inteiro fora no trabalho. Entretanto, num dia patrão e empregada se desentendem, pois ela deixou o pai de Nader sozinho e trancado dentro de casa enquanto saía para resolver alguns assuntos, além de supostamente ter-lhe roubado dinheiro. Então, durante a discussão, Nader, ao tentar expulsar a enfermeira de sua casa, empurra a moça e esta cai e se machuca. O problema? Ela estava grávida e na queda, perde o bebê. E agora? Nader vai ser preso por "assassinar" um bebê? A enfermeira vai ir para a cadeia por deixar um incapaz amarrado e sozinho dentro de casa? Que impacto esta situação vai ter na família de Nader e Simin e na família da enfermeira? Isso sem contar que a filha de Nader deve escolher se fica com ele ou com a mãe após o divórcio.

Isso é "A Separação": um conjunto de perguntas sendo respondidas (ou não) de uma forma envolvente e emocionante.

Todo elenco está ótimo e contribui para o alto nível do todo. Além disso, as questões religiosas (numa das melhores cenas do filme, a enfermeira não sabe se deve ou não limpar o pai de Nader, que se urinou todo, por ter dúvidas se isso é pecado ou não) e uma mostra da realidade iraniana (apesar de ser rico em petróleo e ter dinheiro o suficiente para produzir ogivas nucleares, o país possui cidades velhas, prédios públicos extremamente malcuidados e uma população que em geral vive em condições bem ruins) trazem ainda mais profundidade a este ótimo filme.

Ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e indicado aos Oscars de melhor filme estrangeiro e melhor roteiro original, "A Separação", além de mostrar que os iranianos são tão humanos como todos nós mostra também que bom filme não depende das barreiras da língua, ou seja, não importa se um filme é americano, francês ou iraniano, bom filme é bom filme e ponto final.

NOTA: 4.5/5


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