Dir.: Martin Scorsese; Escrito por John Logan; Com Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen. 2011 - Paramount (126 min. - Livre)
É uma pena que "A Invenção de Hugo Cabret" não esteja indo bem de bilheteria. Com um orçamento de 150 milhões de dólares, até o momento (24/02/2012) o filme arrecadou apenas 114 milhões mundialmente. Mas já era de se esperar, afinal o filme, apesar de ser dirigido por ninguém menos que Martin Scorsese, cujo longa anterior - "A Ilha do Medo" - foi um sucesso, trata de uma história de época, tem como um dos personagens principais uma personalidade conhecida por pessoas geralmente mais velhas - Géorges Meliés - e tem um ritmo que não se espera de um filme familiar (porque o longa está longe de ser "infantil"). Mesmo assim, "Hugo Cabret" foi extremamente bem recebido pela crítica, e ao ver o filme sabe-se o porquê.
Passado na Paris dos anos 1930, a produção conta a história de um menino orfão - o Hugo Cabret do título - que vive numa estação de trem da cidade, passando os dias ajustando os relógios da plataforma e furtando alimentos dos restaurantes e engrenagens da loja de brinquedos da estação, estas últimas são usadas pelo menino para concertar um autômato deixado por seu pai para ele.
Entretanto, um dia Hugo é pego pelo dono da loja durante um de seus furtos e tem que entregar para ele as engrenagens roubadas e um caderno que traz desenhos técnicos relacionados ao tal autômato. Porém, quando o velho ameaça queimar o caderno, Hugo o segue até à sua casa e conversa com a afilhada do homem, criando, a partir daí, uma grande amizade. Conversa vai, conversa vem, o dono da loja, sua afilhada, Hugo, o autômato, Géorges Meliés, o cinema, uma chave: tudo isso fica interligado e deixa a história ainda mais emocionante.
Então, para começar, a própria história do filme já é bastante interessante, pois mistura elementos de ficção com acontecimentos reais. Como se ainda não bastasse, os personagens são cativantes e nos fazem rir e chorar, tudo ao mesmo tempo.
As atuações são um "show" a parte: Asa Butterfield está ótimo como o menino Hugo, assim como Chloë Moretz como Isabelle, a afilhada do dono da loja de brinquedos, Ben Kingsley como o proprietário do estabelecimento, Sacha Baron Cohen como o inspetor da estação, e por aí vai.
Tecnicamente falando, o filme é também espetacular! O 3D, que em muitos filmes é uma porcaria, em "A Invenção de Hugo Cabret" é ótimo e realmente traz alguma contribuição para o filme. As cenas que mostram os bastidores dos filmes de Meliés já são incríveis por si só, e em 3D então, elas ficam incríveis. A direção de arte e a fotografia são belíssimas, assim como o figurino, que é muito bem feito e bonito. A trilha sonora de Howard Shore, apesar de não ser marcante, cumpre o seu papel com muita competência. Os efeitos especiais são muito bem executados e apenas acentuam o tom fantástico do filme.
Enfim, de problemas só tive dois: o primeiro é o "chroma-key", que em algumas cenas ficou muito artificial; e o outro é o personagem do inspetor da estação. Apesar de Baron Cohen dar o melhor de si (sem cair para os Borats e Brünos da vida), o seu personagem não fede nem cheira, ou seja, não traz grandes contribuições ao longa (mesmo que apareça com certa frequência). Portanto, serve mais de mero alívio cômico, que às vezes funciona e em outras nem tanto.
Indicado a 11 Oscars - filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora, direção de arte, figurino, efeitos especiais, edição, edição de som e mixagem de som - "A Invenção de Hugo Cabret" vai levar uma pilha de prêmios técnicos para casa. Entretanto, na minha opinião é este filme de Scorsese que deveria levar os prêmios de melhor diretor e melhor filme (mesmo que ainda falte ver "Tão Forte e Tão Perto"), ao invés do bom, mas MUITO superestimado "O Artista".
NOTA: 4.5/5
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