Dir.: Phil Lord e Chris Miller; Escrito por Michael Bacall; Com Jonah Hill, Channing Tatum, Ice Cube. 2012 - Sony (109 min.)
Desde o primeiro segundo de projeção, já podemos notar que "Anjos da Lei" não é uma comédia com pudores, mas exatamente o oposto. O filme é louco, ofensivo, grotesco, nonsense, boca-suja e mais um monte de adjetivos não muito agradáveis, mas acredite se quiser, é extremamente engraçado.
"Anjos da Lei" é baseado na série homônima que durou de 1987 até 1991, sendo exibida pela Fox norte-americana. O seriado, ao contrário do filme, era um drama investigativo. Portanto, se você pensou em CSI, Criminal Minds e afins você está bem perto do conceito do "Anjos da Lei" original. A diferença é que a série era protagonizada por personagens jovens, no início da idade adulta, ou seja, era voltada especialmente para o público adolescente.
Então, como já se pode perceber, o filme "Anjos da Lei" e a série "Anjos da Lei" não são muito parecidos um com o outro. Na verdade, o que os dois têm em comum é a premissa. Em ambos, um grupo de policiais de aparência jovem se infiltra em colegiais e faculdades em busca de criminosos, o chamado projeto "Jump Street". E só.
No filme, dois jovens policiais, Schmidt e Jenko, vividos por Jonah Hill e Channing Tatum, respectivamente, são recrutados para a nova geração de agentes do projeto "Jump Street". Quando chegam no Q.G. do grupo, o número 21 da rua Jump (uma igreja cristã coreana abandonada), recebem a sua missão: eles devem se infiltrar numa escola na qual faz sucesso uma nova droga sintética, recolher provas e encontrar o fornecedor. O problema é que nenhum dos dois agentes é muito bom. Jenko é extremamente atlético e se dá muito bem nas provas de aptidão física, mas por outro lado é burro que nem uma porta. Já Schmidt é o oposto, é bastante inteligente, mas possui um péssimo condicionamento físico. Além disso, eles são extremamente atrapalhados, o que, sem dúvida alguma, vai complicar demais a missão.
Mas, afinal, se a premissa do filme é bem simples, o que o faz ser tão divertido? Três palavras: um bom roteiro. Escrito por Michael Bacall, o texto de "Anjos da Lei" é incrivelmente dinâmico, tanto que quase não há tempo para respirar. Além disso, as piadas são certeiras e inteligentes, fazendo crítica, principalmente, ao politicamente correto, que como muitos sabem, mas não gostam de admitir, é algo bem hipócrita.
No filme, isto fica claro logo quando os protagonistas chegam à escola nova e descobrem que o vendedor das drogas dentro da instituição é o aluno mais popular da escola, que é uma pessoa ecologicamente correta e que é contra qualquer tipo de preconceito. Ainda assim, apesar de mostrar uma imagem perfeita, aceita vender drogas só para ganhar uma graninha a mais.
Outra brincadeira frequente do filme é a sátira às séries policiais (como o próprio "Anjos da Lei" original) e aos filmes de ação. Então, não faltam perseguições, tiros e sangue, mas tudo sendo usado como instrumento de humor. Inclusive, uma das cenas mais engraçadas do longa é uma sequência de perseguição nos viadutos de uma cidade grande.
Mas o que não podia faltar mesmo eram as "cameos" (aparições) dos protagonistas da série original: Peter DeLuise e Johnny Depp (sim, AQUELE Johnny Depp). A cena em que os dois aparecem é hilária e, digamos assim, bastante violenta também.
Mas, como em muitas comédias, o elenco é a maior qualidade de "Anjos da Lei". A química entre Channing Tatum e Jonah Hill é ótima e suas trapalhadas me fizeram rir diversas vezes no cinema. Isso sem falar na maior surpresa do filme: a interpretação de Ice Cube como o chefe de Schmidt e Jenko no projeto "Jump Street". Ele simplesmente arrasa! Ele caçoa de si mesmo e de todo mundo do elenco. O momento em que ele fala sobre estereótipos é muito engraçado e interessante também, sendo que ele faz toda a cena falando exatamente como aqueles personagens negros de filme, com aquela voz cantada e fazendo caras e bocas, ou seja, um próprio estereótipo do negro norte-americano.
Enfim, "Anjos da Lei", dirigido pela dupla Phil Lord e Chris Miller (os mesmos de "Tá Chovendo Hambúrguer" e da série animada politicamente incorreta "Projeto Clonagem"), é uma comédia que realmente diverte, e não se surpreenda se daqui a dois ou três anos "Anjos da Lei 2" estiver estreando no cinema mais próximo de você.
NOTA: 4/5
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