Dir.: Phyllida Lloyd; Escrito por Abi Morgan; Com Meryl Streep, Jim Broadbent. 2011 - Paris Filmes (105 min. - 12 anos)
Era apenas questão de tempo até que fosse feita uma cinebiografia sobre a vida de Margaret Thatcher, a primeira e única, até o momento, primeira-ministra da Grã-Bretanha.
Afinal, amando ou odiando Thatcher, deve-se admitir que ela fez história, não só na Inglaterra, mas no mundo como um todo, já que quando governou foi a mulher mais importante da Terra.
Então, quando foi anunciada a produção de "A Dama de Ferro" e a escolha de Meryl Streep para viver a primeira-ministra britânica muita gente sorriu de orelha a orelha.
O filme em si é bom, mas nada mais que isso, já a interpretação de Streep como Margaret é magnífica e pode ser considerada a maior qualidade do filme. Seja como a Margaret de meia-idade ou Margaret já idosa, Meryl detona e incorpora a personagem com perfeição. Não é por nada que muitos a consideram a melhor atriz de sua geração.
Além de Streep, a outra ótima performance do filme é a de Jim Broadbent, veterano ator inglês que está muito simpático como Denis, marido de longa data de Thatcher.
Outro ponto alto do filme é o próprio material que a roteirista Abi Morgan (autora de outro filme badalado desta temporada de prêmios, "Shame") tem em mãos. A história de Margaret Thatcher foi feita pra ser um filme: filha de quitandeiros, Margaret lutou contra tudo e todos para que pudesse se expressar e fazer da Grã-Bretanha um lugar melhor, mesmo que nem sempre isso acontecesse. Além disso, o governo Thatcher foi um dos mais movimentados do século XX. Greves, manifestações, guerra, desemprego: tudo isso fez parte do mandato de 11 anos de Margaret à frente da Inglaterra, sendo desde a mulher mais odiada do país, devido aos diversos problemas que ocorreram durante o seu governo, até ser considerada a queridinha da nação, depois que a Inglaterra derrotou a Argentina na Guerra das Malvinas. O uso de imagens de arquivo também colabora para trazer esta tensão característica da era Thatcher.
Tecnicamente falando, o filme também tem muitas qualidades: a maquiagem (merecedora de sua indicação ao Oscar), o figurino, a fotografia são todos muito bons.
Entretanto, o longa tem seus defeitos. Alguns deles são culpa da diretora Phyllida Lloyd (que já havia dirigido Meryl Streep em "Mamma Mia"). Apesar de ser uma premiada diretora de teatro, Lloyd ainda precisa praticar mais a arte de dirigir filmes. Em "A Dama de Ferro", ela usa e abusa do artifício da câmera lenta sem a menor necessidade, como também algumas vezes escolhe posicionamentos de câmera extremamente estranhos (todos muito tortos e que não se encaixam com o resto do filme).
Outra falha, menor é verdade, é a escolha da roteirista por focar muito no estado de demência atual de Margaret. Claro que ela rende alguns bons momentos e serve de espinha dorsal do filme, mas se a vida de Thatcher é tão interessante, principalmente durante o seu governo, para quê focar tanto neste momento tão delicado e triste da vida da ex-primeira-ministra?
Enfim, apesar de ser bom. "A Dama de Ferro" serve mais como prova da impressionante versatilidade de Streep do que como uma biografia que faça total jus ao nome de Margaret Thatcher.
NOTA: 3.5/5
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